As manobras internas estão provocando insatisfação em setores como o do café, que pode perder espaço na Produção e Agroenergia. Desde que chegou ao ministério, Kátia Abreu vem fazendo mudanças na maioria das secretarias. As nomeações do segundo escalão demoraram a ser anunciadas e deixam um vácuo para as principais demandas do agronegócio. Uma das principais pastas, a Secretaria de Política Agrícola teve indicação confirmada: André Nassar já ajuda na formatação do novo Plano Safra.
Ao consultar o Ministério do Planejamento sobre a pretensão de juntar a Secretaria de Produção e Agroenergia à Política Agrícola, o pedido foi negado. A primeira pasta trabalha com cana-de-açúcar e, principalmente, trata dos interesses do setor cafeeiro, fazendo a gestão do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), por exemplo, que dispõe de mais de R$ 5 bilhões e garante os recursos para a colheita da safra e estocagem.
– O corpo técnico do Ministério do Planejamento sabe da importância econômica e social e não é pura e simplesmente olhar o tamanho em relação a outro negócio e achar uma colocação. O café tem que ser tratado pela porta da frente, com agenda prioritária para este país. Nós não vamos aceitar, em hipótese alguma, que seja tratado em uma agenda secundária – expôs o deputado federal Evair de Melo (PV/ES).
Questionada sobre o projeto de acabar com a Secretaria de Produção e Agroenergia, a ministra preferiu não entrar em detalhes.
– Nós ainda estamos estudando – respondeu.
O secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo, Caio Rocha, que trabalha próximo à ministra, confirma a reestruturação, mas ainda não revela qual vai ser o destino da pasta.
– Posso te garantir que café e cana terão seus espaços e suas atividades preservadas dentro, ou não, de uma secretaria; o ministério tem essa responsabilidade, essa prioridade – afirmou Rocha.
Para atender à presidente Dilma Rousseff na parte social, uma nova secretaria será criada
– A ministra está organizando uma secretaria, que tem o nome de Articulação para Ascensão Social do Produtor Rural, para que o produtor possa ter nessa secretaria seus instrumentos, seus direitos. É uma política para que a gente possa, de forma transparente, levar ao produtor rural a política dos seus direitos – explicou Caio Rocha.