A primavera começa com um La Niña no horizonte, o que pode significar mais demora para a chegada de chuvas regulares em importantes regiões produtoras do país.
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Segundo a meteorologista Desirée Brandt, o fenômeno climático ainda está para se firmar, o que deve se concretizar no decorrer dos próximos meses.
Ela lembra que o último relatório da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês) aponta que o La Niña será de fraca intensidade. “Vamos começar a sentir os efeitos desse fenômeno apenas no início de 2025, então temos alguns alertas para o início do próximo ano”.
De acordo com ela, até lá as expectativas são boas. “Só pelo fato de a gente não ter o El Niño, não temos o risco da irregularidade [de chuvas]”, lembra.
A profissional afirma que o setembro deve terminar com instabilidades despertando entre o Sudeste e o Centro-Oeste do país. “A umidade da Amazônia vai começar a se espalhar um pouco mais, fazendo a conexão com os sistemas que avançarem pelo Sudeste e o Centro-Oeste do Brasil e a gente precisa dessa umidade para que chova no interior do país”.
Segundo Desirée, ao longo de outubro, a umidade vai avançar gradualmente para importantes áreas produtoras do país. “Não vejo nenhuma quebra nessa evolução, só vejo evoluir tanto o volume de chuva quanto a abrangência dessa chuva nestas áreas que foram tão afetadas pelo fenômeno El Niño na última safra”.
La Niña traz um alerta
Para o início de safra, as expectativas são positivas. A meteorologista destaca que a chuva pode não vir de uma hora para outra, mas, a partir de outubro, ganham volume.
Contudo, há uma importante ressalva: “Com o La Niña, existe um risco que não podemos deixar de mencionar, que é o de invernada, o que pode atrapalhar no momento de colheita da safra, na logística, ou seja, atenção ao início de 2025, especialmente para o centro do país
De acordo com Desirée, o próximo La Niña deve ser de baixa intensidade e, também, durabilidade. “O fenômeno se consolida especialmente no último trimestre de 2024 e pode durar até o final do primeiro trimestre de 2025, depois, aos pouquinhos, começa a perder intensidade”.
Uma das dificuldades para a formação do La Niña é que as águas de grande parte do planeta estão muito aquecidas, inibindo o fenômeno, fato que está diretamente ligado às mudanças climáticas.
“Não dá para comparar o La Niña de agora com o de anos atrás. Temos outro cenário de forma global, visto que os oceanos de uma forma geral estão mais quentes do que o normal, o que acaba interferindo na evolução dos fenômenos climáticos”, considera a meteorologista.