Safra no Estado deve ser 22% menor por causa de problemas climáticos; tempo seco favorece o surgimento da lagarta elasmo
Fernanda Farias | Bom Jesus (PI)
A safra de soja no Piauí deve ser 22% menor que o estimado, a seca prejudicou o desenvolvimento das lavouras e contribuiu para aumentar o ataque da lagarta elasmo. Em alguns locais, o agricultor não colheu nada, já em outros o produtor está apostando na tecnologia Bt, a da semente Intacta, para evitar a infestação.
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Lavouras que anteciparam ciclo, áreas com plantio de milho em cima da soja que não chegou a se desenvolver, as poucas chuvas e, quando tem, regionalizadas. No Piauí, esses problemas trouxeram redução na produtividade do Estado.
– Inevitavelmente, algumas regiões do Piauí vão sofrer uma perda irreversível algumas regiões estão com milho plantado em cima da soja abandonada. De uma forma geral, vamos ter uma perda de 22% a 25%. Temos uma expectativa de 1,4 milhão de toneladas de soja – explica o presidente da Aprosoja-PI, Moysés Barjurd.
Na lavoura do sojicultor Jamir Scoca, a perda foi provocada principalmente por essa lagarta. A elasmo, ou broca do solo, abriu caminho dentro do caule e a planta murchou.
– É assustador, eu tenho uma área de 600 hectares, metade foi dizimada pela elasmo – lamenta Scoca.
Falta de cuidado não foi. O agricultor conta que além da semente tratada, ele entrou na lavoura com aplicações preventivas e, ainda, aplicou uma dosagem maior do produto recomendado, o fipronil.
– Ela está instalada na planta. Se eu fizer uma média, minha soja não vai dar nem 15 sacos por hectare. Porque metade da área eu vou ter que gradear e plantar milheto. É uma situação catastrófica, que a gente não sabe o que fazer – afirma.
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A lavoura de Jamir Scoca enfrentou mais de 40 dias de seca, uma condição climática que favorece o ataque, combinado com o solo arenoso do Cerrado, bioma onde a ocorrência da lagarta elasmo é mais frequente.
– Um solo com essa textura arenosa, com alta temperatura, como em Uruçuí, que teve estiagem de mais de 30 dias, não tem condições de controle, a não ser a chuva. O controle da lagarta deve ser por meio de inseticidas nas sementes e um inseticida que antecede, fique junto com a dessecação, pode exercer um bom controle – orienta o consultor técnico do Soja Brasil, Áureo Lantmann.
No município de Bom Jesus, encontramos o agricultor Gilson Manganelli, que tomou todas essas medidas e conta com uma boa safra. O produto contra a elasmo, que também combate a spodoptera e o percevejo foi aplicado em toda área da fazenda, inclusive na soja Intacta, que ocupa 70% dos 3800 hectares.
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Na última safra, a tecnologia estava em apenas 300 hectares, mas cansado dos prejuízos provocados pelas lagartas, Manganelli decidiu arriscais mais. Tudo indica que ele não irá se arrepender.
– A gente vai gastar em torno de R$ 235 por hectare na semente, já com os royalties. Nós vamos gastar até R$ 190 por hectare com a RR, mas nós vamos ter acréscimo de produção estimado em 20%. Eu acredito que vamos ganhar no custo-benefício, além da parte operacional, por entrar menos vezes na lavoura e descansar mais, já que essa lagarta aqui no Piauí não dá sossego para gente – explica.
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