Com lagartas sob controle, sojicultores da Bahia sofrem com falta de chuva

Estado está sob emergência fitossanitária e, graças ao benzoato de emamectina, a Helicoverpa armigera e a falsa medideira estão controladas

Fernanda Farias | Luís Eduardo Magalhães (BA)

Nas lavouras de soja da Bahia, o ataque de lagartas só foi controlado com o uso do benzoato de emamectina, que foi autorizado no Estado após o Ministério da Agricultura declarar emergência fitossanitária. Mesmo escapando da praga, a seca não deu trégua.

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Na média, a produção deve ser a mesma da última safra. Só que, em casos isolados, existem lavouras que vão perder até metade da produção. Mesmo com 100 mil hectares de soja a mais, alcançando 1,4 milhão de hectares a produtividade deverá ser igual.

Se a chuva colaborar, a produtividade do agricultor Jaime Morais pode ficar em 38 sacas, muito abaixo do esperado. O investimento feito nos 2800 hectares foi alto, tudo para chegar a 60 sacas por hectare. Porém, com apenas 40 mm de chuva até agora, quando o normal seria 150 mm, o grão não se desenvolveu. Uma frustração para o sojicultor que migrou do Sul há 21 anos.

– Este ano está bem complicado. A perda deve ser entre 40% e 50% em relação às últimas três safras. É a pior seca que eu já enfrentei até hoje – lamenta.

A boa produtividade na fazenda do produtor Douglas Radol se deve a algumas medidas, como o milho safrinha, nada comum na região. Aqui, Radol visa menos o lucro com a segunda safra e mais com a palhada que irá se formar para receber a próxima cultura. No último ciclo, foram 100 hectares de milho, agora a intenção é plantar dois mil hectares.

– As culturas subsequentes em cima da palhada de milho são muito superiores ao convencional que é feito. Na soja, rende cerca de cinco sacas a mais – comenta o sojicultor.

– É uma atitude muito correta porque a gente vem observando na Expedição que muitos agricultores deixaram de produzir mais por não ter o solo coberto com algum tipo de palha. Ainda mais nesta região, em que o solo tem textura arenosa, qualquer cobertura vai garantir mais umidade, melhor aproveitamento do adubo que ele coloca no solo e um efeito melhor até que a calagem que ele faz – explica o consultor técnico do Soja Brasil, Áureo Lantmann.

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Apesar de não ter enfrentado muita falta de chuva, Douglas Radol foi desafiado pelas lagartas. O ataque da Helicoverpa armigera e falsa medideira infestaram a lavoura com a mesma intensidade. As pragas só foram controladas com o benzoato de emamectina, autorizado na Bahia e mais seis Estados. Isso faz o produtor questionar a proibição no resto do Brasil.

– Acho que o governo tem que nos ajudar neste momento porque o controle dessas duas lagartas está ficando cada vez mais difícil. O benzoato seria uma alternativa boa, lógico que o que eu defendo é que o agricultor seja consciente e não abuse da molécula, para não criar resistência lá na frente – protesta Radol.

Milho comprometido 

A falta de chuva está atingindo a produção de milho. Quase 300 mil hectares serão perdidos, segundo o Sindicato Rural de Luís Eduardo Magalhães, entidade que representa mais de 600 produtores do oeste baiano.

– Já quebrou 40% do milho da Bahia. Existem microrregiões que vão colher uma grande safra, mas tem outras que vai colher uma safra péssima. Somando tudo, vamos ter esse número de quebra – explica o presidente do sindicato, Vanir Kölln.

Lavouras de milhão também estão castigadas pela falta de água (Fernanda Farias/Canal Rural)
Lavouras de milhão também estão castigadas pela falta de água (Fernanda Farias/Canal Rural)

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