No sítio de Oscar Simonetti, em Mogi Guaçu, no interior de São Paulo, a época é de colheita da laranja. O produtor rural tem 192 hectares e espera colher agora em março, 20 mil caixas de laranja natal. Essa é uma das cinco variedades da propriedade, que produz em média duas caixas de 40 quilos por pé. Só que esse ano o agricultor não ficou satisfeito com o preço pago no mercado brasileiro, que está 50% menor do que no ano passado. Ele está recebendo R$ 15 pela caixa, enquanto em 2014 ela chegou a valer R$ 23.
– Não chega a dar prejuízo, mas isso prejudica a lavoura. Nós esperávamos mais e acreditamos que essa redução ocorreu por causa dos problemas na economia – indica Simonetti.
Apesar do preço em março não compensar tanto aos produtores paulistas, a perspectiva é de melhora a partir da próxima safra, em junho. É que com a valorização do dólar frente ao real deve melhorar a lucratividade. Isso porque a perspectiva é de que aumentem as exportações de suco fresco e concentrado.
O mercado europeu está consumindo menos suco e fruta in natura. Em compensação, a demanda americana deve aumentar com a redução da produção de laranja no estado da Flórida. A analista de Citrus do Cepea Fernanda Geraldini projeta dois cenários para a próxima safra:
– Um de valorização do dólar e bons preços pagos aos produtores; o outro tem a ver com a demanda por suco de laranja na Europa e Estados Unidos. Temos que ver como será isso – aponta Fernanda.
A estimativa das principais consultorias de mercado é de que o estoque de suco brasileiro fique em 448 mil toneladas, 16% menos que no ano passado. Para a CitrusBR, o cenário de alta do dólar é bastante favorável para a indústria de suco, mas é preciso ter cautela.
– O dólar alto favorece o produtor de laranja, mas ainda estamos analisando os números pra ver se isso será concretizado. Não dá pra falar sobre algo que vai acontecer lá em junho, mas a perspectiva é boa – interpreta Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBR.