O agronegócio brasileiro deve prestar cada vez mais atenção aos hábitos do consumidor, que tende valorizar ainda mais aspectos relacionados à saúde e a sustentabilidade. A avaliação é do Rabobank, que salienta que isso já era tendência, mas a pandemia do novo coronavírus acelerou o processo.
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O setor de açúcar pode ser um dos afetados pelas mudanças. Segundo o banco, com a associação entre obesidade e maior susceptibilidade a problemas gravas por conta da Covid-19, poder haver uma nova onda de esforços por parte de governos e grandes empresas de alimentos e bebidas para implementar medidas contra a doença – esse ponto faria com que o açúcar voltasse aos holofotes da discussão sobre saúde pública.
Além disso, há expectativa de que parte do aumento da demanda por suco de laranja, que ocorreu com a pandemia, pode continuar depois dela e ajudar a conter a queda no consumo do produto. “A categoria vem perdendo vendas há 15 anos nos principais mercados consumidores (Estados Unidos e Europa), por uma visão de produto calórico, menos saudável e por concorrência com outros produtos. No Brasil, o consumo de suco de laranja não concentrado vem aumentando gradativamente e representa uma oportunidade para o setor diminuir a sua dependência dos mercados internacionais”, analisa.
No caso das proteínas animais, a questão da segurança na origem dos alimentos tem ficado bastante em evidência entre os consumidores. Com isso, novos protocolos sanitários tiveram que ser criados e/ou adaptados à realidade da produção brasileira para atender às novas exigências e minimizar os riscos de transmissão dentro das plantas frigoríficas e das propriedades rurais. Dentre as principais mudanças estão aquelas que fornecem maior segurança para os funcionários, já que os protocolos relacionados à qualidade das carnes já têm sido aprimorados há alguns anos nas unidades processadoras.
Para o segmento de cafés especiais, o Rabonak vê uma “megatendência” independente da pandemia, ou seja, desde que tenha condições financeiras, o consumidor irá procurar qualidade, inovações e sabores diferentes. “Um exemplo claro é que em países com economias desenvolvidas e com a cultura da bebida consolidada foram observados aumentos no consumo do café em grãos. Provavelmente uma tentativa do consumidor replicar no lar a experiência das cafeterias”, comenta o banco.