Um levantamento realizado por pesquisadores do Fundecitrus, Esalq/USP e Instituto Biológico identificou populações do fungo causador da mancha marrom de alternaria resistentes às estrobilurinas (inibidores de quinona externa, QoI) em diversas áreas de São Paulo. A resistência já havia sido reportada em 2019. Agora, a pesquisa confirma a presença do fungo resistente em todos os pomares amostrados de Ponkan e Murcott, variedades de tangerina e tangor mais cultivadas no estado e geralmente afetadas pela doença.
Para o estudo, foram coletados frutos com sintomas de mancha marrom em nove municípios das regiões centro, sul e sudoeste. O fungo Alternaria alternata foi isolado e testado em meios de cultivo com e sem adição de azoxistrobina ou piraclostrobina. Como resultado, a resistência às duas estrobilurinas foi observada em todas as áreas, sendo que cinco delas apresentaram 100% de fungo resistente aos fungicidas testados (veja o mapa abaixo). A porcentagem de isolados resistentes foi de 88% para a azoxistrobina e 73% para a piraclostrobina. “Todos os isolados resistentes à piraclostrobina também se mostraram resistentes à azoxistrobina, mas alguns isolados foram resistentes apenas à azoxistrobina”, destaca o pesquisador do Fundecitrus Geraldo Silva Jr.
Os citricultores devem fazer a rotação de fungicidas com diferentes modos de ação e evitar as estrobilurinas no manejo da mancha marrom. Os fungicidas à base de cobre (multissítios) e os triazois (inibidores da desmetilação, DMI) são registrados para o manejo da doença no Brasil. Essa resistência vem sendo observada na Flórida (EUA) desde 2008, e a recomendação também tem sido adotar as medidas alternativas de manejo antirresistência, com a rotação dos grupos químicos e a restrição do uso das estrobilurinas.