Para combater o cancro cítrico, o Ministério da Agricultura publicou a Instrução Normativa 37, que entrou em vigor em março deste ano. Com base na norma federal, a Secretaria de Agricultura de São Paulo criou um sistema para evitar que a doença se espalhe. As medidas, que só valem para pomares com frutas de mesa, sem afetar a produção para a indústria de suco, não foram bem recebidas por parte do setor.
A diretora-secretária do Sindicato dos Permissionários em Centrais de Abastecimento de Alimentos do Estado de São Paulo (Sincaesp), Carina Fortes, considera parte dessas regras exageradas. “Tudo o que teria que ser feito com aquela laranja, já foi feito lá atrás. Como que vou obrigar o meu cliente a lacrar o caminhão dele? Ele vai comprar outros produtos aqui no Ceasa. Não tenho como falar pra ele mudar toda a sua carga porque no terei que lacrar a sua carga e ele só poderá abrir quando estiver em outro estado, para não distribuir cancro pela estrada. Já está desinfectada, não tem motivo para tudo isso”, afirma Carina.
Para o secretário-executivo da Sincaesp, José Roberto Graziano, as medidas contra a doença não deveriam atingir a comercialização das frutas. Uma das reclamações é a exigência das caixas de plástico para o transporte dos citros. “A caixa de madeira não transmite a doença. Não tem evidência científica nenhuma! Ela é uma embalagem prática, barata e ecológica”, explica. Ele ainda diz que os gastos acabam refletindo na conta da sociedade. “Será que nós queremos encarecer o custo de um produto básico? Isso é desnecessário. Não podemos aceitar”, completa Graziano.
O presidente da Câmara Setorial de Citro de São Paulo, Diego Fortes, diz que produtores, comerciantes e representantes do governo estão discutindo mudanças na regra, mas ainda não chegaram a um consenso. “O cancro cítrico não altera a qualidade da fruta, do suco e não transmite nada. É simplesmente uma doença que afeta a casca e a derruba pé se você não cuidar. No Paraná, por exemplo, eles convivem com o cancro tranquilamente, fazendo o manejo correto. Acho que este é o papel do estado: garantir que o produtor faça o manejo correto da doença se ele quiser vender pra fruta de mesa”, defende Fortes.