A indústria brasileira de suco de laranja pode ser forçada a reduzir e limitar as exportações por falta de oferta da bebida ao mercado mundial, caso seja concretizada a perspectiva de estoques negativos ao fim da safra 2016/2017. A avaliação é da pesquisadora Margarete Boteon, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
A avaliação da pesquisadora leva em conta que a safra comece, em julho deste ano, com estoques de 332 mil toneladas equivalentes em suco de laranja concentrado e congelado (FCOJ) e que a produção em 2016/2017 atinja 770 mil toneladas. Com a oferta de 1,102 milhão de toneladas e o consumo externo em 1,060 milhão de toneladas de suco, Margarete prevê que o estoque de passagem ficaria em 42 mil toneladas para a safra 2017/2018, em 30 de junho do ano que vem.
Como esse volume é considerado negativo para a indústria, as companhias terão de limitar a oferta da bebida durante a safra. “Vai ter de reduzir exportação para ajustar à pequena oferta. Isso permite melhoria de preços também no mercado internacional de suco”, disse a pesquisadora. “Infelizmente, esse aumento de preço, que chega ao produtor, não é por aumento de consumo, mas por quebra de produtividade e menor rendimento industrial”, concluiu.