O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) avalia que as primeiras impressões para a safra 2016/2017 de laranja no estado de São Paulo e no Triângulo Mineiro apontam novamente para bons preços aos produtores. Segundo a equipe de pesquisa da instituição, não há expectativa de elevada produção da fruta e os estoques das indústrias podem fechar a temporada atual (2015/2016), em junho deste ano, no nível estratégico de 300 mil toneladas, o que geraria maior demanda pela laranja no próximo período.
As floradas foram abundantes em agosto e setembro de 2015 na maioria dos pomares e o “pegamento” foi satisfatório. No entanto, segundo avaliação do Cepea, altas temperaturas em meados de outubro causaram abortamento significativo de chumbinhos (estágio inicial das frutas), alguns já com tamanho de uma azeitona.
Como praticamente não ocorreram novas floradas, pois o solo estava úmido e um novo estresse hídrico seria necessário, o cenário pode novamente resultar em oferta restrita de laranja e implicar nova redução dos estoques das indústrias.
Cálculos do Cepea apontam que os estoques ao final da safra 2016/2017 podem ser ainda menores do que o inicial de 300 mil toneladas estimado para o período. A equipe de pesquisa destaca, no entanto, que o resultado efetivo depende, além da produção de laranjas em 2016/2017, do rendimento industrial e do desempenho das vendas no período.
“De qualquer forma, com base em fundamentos disponíveis até o início de janeiro, vislumbra-se que, por mais um ano, a demanda industrial pode ser aquecida em uma safra de produção limitada. Se essas estimativas se confirmarem, os produtores podem receber propostas atrativas também na próxima temporada. Vale ressaltar, contudo, que uma parcela dos citricultores já negociou, em 2015, também as laranjas 2016/2017”, informou o Cepea.
“Todo esse cenário deve reduzir a oferta para o segmento in natura, que também pagaria mais ao citricultor”, completou.
Flórida
Na Flórida (Estados Unidos), segunda maior região mundial produtora comercial de laranja, o cenário também é de baixa produção de laranjas. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a safra 2015/2016, que começou em outubro, deve ser de apenas 69 milhões de caixas (de 40,8 quilos cada), 29% menor que a anterior, metade do produzido há cinco anos e ainda o menor volume dos últimos 52 anos.
De acordo com o Cepea, a baixa produção da Flórida pode manter em bons níveis as importações norte-americanas de suco do Brasil, além de contribuir para a valorização da commodity. Os maiores preços do suco de laranja beneficiam não só as indústrias, mas também os produtores paulistas, já que a definição do preço, na maior parte dos contratos, inclui as cotações do suco no mercado internacional.
Limão taiti
Já para a lima ácida taiti, popularmente chamada de limão taiti, as previsões são de uma boa colheita no estado de São Paulo durante o pico de safra, prevista para o primeiro trimestre deste ano. A produção pode superar a de 2015, já que as chuvas foram mais constantes e bem distribuídas no segundo semestre do ano passado.
Mesmo com maior oferta, a demanda industrial pode ajudar na sustentação dos preços aos produtores. Caso a procura nas processadoras seja firme, a exemplo dos dois últimos anos, a oferta ao segmento in natura será mais controlada, amenizando a retração nos valores.
Ainda de acordo com o Cepea, outro fator que pode contribuir para preços firmes da taiti, mesmo durante seu pico de safra, é o bom desempenho das exportações, que bateu em 2015 o segundo recorde consecutivo. Agentes acreditam na continuação da boa demanda pela fruta, principalmente na Europa.