A primeira Pesquisa de Estimativa de Safra (PES) de laranja 2016/2017 no parque comercial citrícola de São Paulo e Minas Gerais aponta uma produção de 245,75 milhões de caixas, queda de 18,26% ante as 300,65 milhões de caixas do encerramento do atual período. O levantamento mostra, ainda, um total de 192,01 milhões de árvores na região, maior produtora mundial da cultura, queda de 2,95% sobre os 197,859 milhões de plantas do levantamento passado.
Do total de plantas, 175,55 milhões de árvores são produtivas, alta de 0,82% sobre os 174,125 milhões de plantas do levantamento divulgado em maio do ano passado. Outras 16,47 milhões de plantas são improdutivas, queda de 30,6% sobre as 23,733 milhões de plantas do levantamento de 2015.
Os dados foram divulgados nesta terça, dia 10, em Araraquara (SP), na sede do Fundo de Defesa da Citricultura, entidade que tornou viável o levantamento em parceria com a Markestrat, a Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto e o Departamento de Estatística da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Jaboticabal.
A estimativa é considerada oficial para a safra de laranja na região brasileira, principal polo mundial produtor de suco, e tem a chancela da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo e do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) órgão correspondente ao Ministério da Agricultura norte-americano.
Fundecitrus
Caso seja concretizada a previsão de produção de 245,75 milhões de caixas (de 40,8 quilos) de laranja para a safra 2016/2017, apontada pela PES, a oferta da fruta no parque comercial citrícola de São Paulo e Minas Gerais será a menor em 28 anos, desde as 214 milhões de caixas da safra 1988/1989. Segundo Antonio Juliano Ayres, gerente geral do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), as altas temperaturas entre setembro e outubro do ano passado, época da primeira florada da atual safra, foram fundamentais para a quebra estimada para esta temporada.
“Após o florescimento exuberante, em agosto e setembro (de 2015), tivemos uma situação atípica de altas temperaturas entre setembro e outubro. Tivemos temperaturas acima de 35 graus Celsius por mais de 10 dias e ainda de 3 graus a 5 graus acima do normal durante o período noturno em algumas regiões, além do déficit hídrico”, disse Ayres. “Assim, houve uma queda mais intensa de flores e frutinhas antes do desenvolvimento”, completou.
O levantamento para a safra 2016/2017, a ser iniciada oficialmente entre 1º de julho, apontou uma estimativa de produtividade de 1,4 caixa de laranja por pé da fruta, queda de 19,1% sobre a produtividade de 1,73 caixa por pé de 2015/2016. Durante a retirada da laranja das árvores para o levantamento foi apurado um total de 430 frutas por pé, ante 498 frutas na safra passada. Já o total estimado de caixas por hectare deve cair de 745 para 636, ou 14,6%.
A primeira revisão de safra será feita em 12 de setembro e as seguintes provavelmente em 12 dezembro, 10 de fevereiro de 2017 e o fechamento em 10 de abril do próximo ano.
CitrusBR
O diretor executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), Ibiapaba Netto, que a entidade que reúne as principais indústrias do setor evitará fazer neste momento uma estimativa de rendimento industrial para a safra 2016/2017. Segundo ele, a previsão, normalmente anunciada nesta época, foi postergada após as fortes variações entre o estimado e o realizado das últimas três safras.
“Nas últimas três safras houve uma variação em torno de 15% (pra cima ou pra baixo) entre estimativas de caixas de laranja processadas para a produção de uma tonelada de suco. Com as variações climáticas constantes, vamos deixar a safra correr para mais para frente e então faremos uma previsão”, disse.
Na safra 2015/2016, o rendimento industrial foi estimado inicialmente pela CitrusBR em 265 caixas por tonelada de suco produzido. Com as chuvas mais constantes, as frutas ganharam mais água e perderam o açúcar fundamental para o padrão do suco produzido, o que levou a indústria a ter de processar 300 caixas para obter uma tonelada da bebida.
Para a próxima safra, cuja oferta de laranja deve cair 18,2%, o executivo avaliou que o cenário também aponta para um ajuste no consumo de suco.