O técnico agrícola, Vinícius Carriel Perri, acompanha os últimos 400 hectares de algodão da safrinha que estão sendo colhidos em Sinop, no interior do Estado. Ele é o responsável técnico pela propriedade de 2.500 hectares, que este ano foi bastante castigada pelo ataque da lagarta. No começo da safra, a expectativa de produtividade era de 200 arrobas por hectare, mas até agora não passou de 30arrobas. Segundo ele, as aplicações extras de defensivos provocaram forte aumento dos custos, que ficaram sete vezes maiores do que a safra passada. Ainda assim, 80% da lavoura foi atingida pela praga.
– Teve talhão que no ano passado a gente colheu de 300 arrobas. Esse ano o mesmo talhão, colhemos apenas 70, no máximo 80. A lagarta comeu muito e acabou afetando a produção Não teve produto que conseguisse combater, fugiu do estágio do controle. No começo, muita manifestação de ovos e muita mariposa, a gente monitorou, e percebia que após as aplicações estava sobrando muita lagarta. Fugiu do controle e pelo que vi, está tudo perdido – lamenta Perri.
A proliferação da lagarta helicoverpa se estendeu por todas as lavouras do médio norte de Mato Grosso. Na maior parte dos casos, a falta de conhecimento dos produtores prejudicou o combate a praga.
– A helicoverpa está aí, não tem como fugir. Se conhece pouco sobre ela, quem sofreu com esse problema perdeu muito. Para nós não foi diferente, tivemos perdas muito grandes tanto na soja como no algodão por causa dessa praga – diz o produtor rural Anderson Stoqueiro.
O produtor salienta que não estava preparado para os altos custos e já calcula o prejuízo causado pela lagarta.
– Realmente, esse custo não estava planejado. A gente tem noção que esse quadro para frente não vai mudar. A tendência é cada vez ficar pior. E como não tem para onde correr, a saída é essa: trabalhar com a lagarta e conseguir conviver com ela produzindo da mesma forma – diz Stoqueiro.
– A gente tem certeza de que a lagarta está presente em todo o Estado. Nas lavouras de algodão milho, ela é muito voraz é uma lagarta perigosa. O custo de produção vai aumentar com a chegada dela. O custo com ela está relacionado muito ao manejo dessas culturas com essa lagarta. Se o produtor deixar essa lagarta se instalar dentro de sua cultura, com certeza o seu custo vai aumentar daí para cima – afirmou o presidente do Ampa, Milton Carbuggio.
O produtor rural Arilton Riede, diz que o jeito é planejar. Ele terminou a colheita de algodão safrinha e já está pensando na próxima safra de soja.
– Nós vamos trabalhar com monitoramento, manejo, e realmente ter as pessoas no campo para trazer as informações. Para o controle dessa praga já estamos preparados. O aumento para a próxima safra em relação ao custo vai ser eminente, mas não vamos deixar uma praga dessas tomar conta das lavouras, trazendo prejuízos maiores – destaca o produtor.