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Lei que restringe consumo de cigarro preocupa produtores do Sul do Brasil

Projeto aumenta impostos e proíbe fumódromos em locais fechadosNa região Sul do Brasil, 186 mil produtores de fumo aguardam com ansiedade a decisão da presidente Dilma Roussef sobre o projeto de lei aprovado esta semana no Senado. Entre outros fatores, a lei proíbe fumódromos em locais fechados e aumenta os impostos sobre o cigarro. Esse vem sendo considerado o mais duro golpe contra o consumo do produto e deve afetar diretamente o setor produtivo.

O produtor José Rippel, de Santa Cruz do Sul, trabalha com plantação de fumo a vida toda. A tradição começou com os avós, depois os pais e agora segue com a filha e o genro que trabalham na propriedade. Todo o ano são plantados 115 mil pés de fumo, Rippel não consegue ver o tabaco com os mesmos olhos de quem combate o fumo.

? Na nossa região eu estou por ver ainda outra cultura que dá mais renda como o tabaco. Porque a gente tem experiência desde criança lidando na agricultura por intermédio do tabaco. Outras culturas é só para manter, mas para fazer dinheiro não tem outra cultura como o tabaco. É uma corrente muito grande, é caminhoneiro, é lenha, é funilaria que fornece os canos pras estufas, é barbante para costurar o tabaco. Se tirar o fumo, eu quero ver o que vão fazer ? disse Rippel.

A preocupação do produtor não é à toa, a cadeia do tabaco movimentou no Brasil só em 2010 quase R$ 17 bilhões. Com o aumento do cerco contra o cigarro, quem ganha é a pirataria, segundo o presidente da Câmara Setorial da Cadeia do Tabaco, Romeu Schneider, cigarros ilegais já respondem por mais de um terço do total consumido no Brasil. Além disso, o setor sofre com as tarifas, do faturamento em 2010, 53%, mais de R$ 9 bilhões de reais, foram em impostos.

? Dentro desta medida provisória também está previsto o aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), além disto a fixação do preço mínimo, isto aumenta o preço sensivelmente e isso vai gerar o abandono do consumo do mercado do cigarro legal e automaticamente o consumidor passará a consumir o ilegal porque ele é muito mais barato ? afirma Schneider.

De acordo com o presidente da Câmara Setorial da Cadeia do Tabaco, a questão da pirataria é muito séria, pois atualmente 40% do consumo de cigarros no país é de produtos provenientes do mercado ilegal.

? O que vem ilegalmente para o Brasil é consumido aqui e, pior ainda, é uma qualidade muito ruim. Se o cigarro que tem todo o controle fitossanitário feito pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Brasil prejudica a saúde, imagina aquele que vem contrabandeado onde tem até esterco de galinha, esterco de rato, capim e outras coisas que podem prejudicar muito a saúde. É esse tipo de cigarro que é largamente fumado no Brasil ? disse Schneider

O dirigente espera que a presidente Dilma Rousseff sancione a lei como está, já que o artigo que permite propaganda institucional das empresas foi aprovado.

? O que nos preocupa muito são as questões restritivas ao consumo. Isto afetará indiretamente a produção e é ali que reside o grande problema. Se nós tivéssemos alternativas para os produtores andando na mesma velocidade que andam as restrições não seria tão preocupante ? afirma o presidente da Câmara Setorial.

José Rippel concorda e tem esperanças de permanecer na atividade.

? Eu acho muito ridículo umas leis destas que os governantes, os políticos aprovam. Eles tinham que ver de perto o que acontece. O fumo não vai terminar nunca. Eu acho que o fumo vai seguir sempre, quem caprichar vai ter qualidade, vai ter uma remuneração boa ? acredita o produtor.

Por enquanto, a esperança dos produtores está na exportação, que responde por 85% do total produzido no país. Mas como o Brasil é modelo em ações antitabagistas para o mundo todo, as ações realizadas por aqui podem ajudar a derrubar o consumo também nos países importadores.

Assista ao vídeo da matéria:

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