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Boa parte das fazendas já está ocupada por índios da etnia terena. O cacique Basílio Jorge faz parte de um grupo de quase 280 pessoas que ocuparam uma fazenda em maio deste ano. O cacique disse que na área ocupada será plantado milho.
– Nós vamos ampliar para uns 100 hectares, até 120 hectares para solucionar e dar um pedaço para cada agricultor – disse o cacique.
O gado também é conduzido no curral por um indígena. São 116 cabeças, que eles negociam na região e tiram leite para o próprio sustento. A fazenda tem 1.186 hectares. A cada dia a propriedade ganha mais ares de aldeia. E neste cenário que os técnicos da Funai estão trabalhando na região. As visitas são marcadas com antecedência.
– A etapa da Funai é só o levantamento das benfeitorias que existe no imóvel, de acordo com o estado de conservação. Agora os outros trabalhos, que é o custo do valor da terra, vai ser feito pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), e a Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer) está fazendo o georeferenciamento de todos os imóveis dentro da área de identificação – destaca o agrônomo da Funai, Luiz Antônio Araújo.
A Agraer é a instituição responsável pela pesquisa e extensão rural no Estado de Mato Grosso do Sul, ligada à Secretaria de Agricultura. Araújo é um dos sete técnicos da Funai que estão há quase um mês na região de Sidrolândia, fazendo o levantamento sobre as benfeitorias nas fazendas. Cerca de 15 já foram avaliadas. Tudo é analisado na vistoria, o tamanho do curral, das cercas e o estado da pastagem.
– Medimos as cercas, espaçamentos, tipo de madeira que foi utilizado e o seu atual estado. Analisamos a pastagem também. Depois tudo vai para o relatório, com tabelas oficiais, depois vamos compor o valor atual do curral – explica o técnico.
Araújo explica que o mesmo processo é feito na casa e na sede da fazenda. As propriedades estão dentro de uma área de 17,200 hectares, reivindicada pelos índios. Nesta mesma área, dois mil hectares já são demarcados como terra indígena Buriti.
A região ganhou evidência depois do conflito que resultou na morte de um índio, numa ação de reintegração de posse de uma das fazendas em maio deste ano. A situação levou o governo a buscar uma saída para resolver o problema. A proposta discutida atualmente é de pagamento aos fazendeiros pelas propriedades. O governo promete uma solução até o dia 30 de novembro.
O levantamento deve ser concluído até o dia 25 deste mês e vai gerar dois laudos: um de vistoria, sobre o que tem nas propriedades e outro de avaliação, que vai indicar o valor das benfeitorias.