? As produções estão muito mal. Éramos o terceiro exportador de carne do mundo e, atualmente, estamos em oitavo lugar. O Brasil fez um grande esforço para ter uma política, conseguir resultados. É o primeiro exportador de carne no mundo e avança a grandes passos. Até o Uruguai, um país pequeno quando comparado ao nosso (Argentina), está exportando mais carne que nós, porque tem uma política agropecuária implementada. Nós não temos.
Ao comentar a promessa de Cristina Kirchner em retomar a Resolução 125 ? que propõe o aumento de impostos e restringe a exportação de grãos ? ele avalia que a presidente argentina “parece não ter assimilado” a derrota diante do Parlamento e que os votos contra a proposta constituem “uma realidade que não pode ser mudada”.
? É uma posição sem lógica. Cristina fala de redistribuição de riqueza, mas deveria saber que, para redistribuí-las, é preciso produzi-la. Nesse momento, o que estamos fazendo é repartindo pobreza. Temos 11 milhões de pobres na Argentina. A pobreza está aumentando e isso é fruto de más políticas, não é culpa do campo ? afirma Pedro Apaolaza.
Para o líder, as discussões sobre o setor rural na Argentina estão “muito politizadas” e, na medida em que o país segue nesse contexto, não irá recuperar as posições perdidas no mercado internacional.
? Isso gera conseqüências. Primeiro, deixaremos de exportar e depois, teremos que deixar de consumir.
Ele acredita que a principal estratégia do governo deve ser a de reduzir o consumo, sobretudo de carne, para que o país possa reservar mais produtos para a exportação. A venda externa de carne, segundo Apaolaza, está proibida no país há três anos.
? É preocupante e impossível produzir nessas condições. É uma inseguridade política que se cria e que não faz nenhum sentido e não existe em nenhum país do mundo.
Em referência às exportações de trigo argentino para o Brasil ? maior importador mundial e principal parceiro no Mercosul ? ele avalia que o fechamento do mercado argentino pode levar empresários brasileiros a importar o produto de países como os Estados Unidos e o Canadá. De acordo com a confederação, a Argentina exporta cerca de 7 milhões de toneladas anuais de trigo para o Brasil.
? Setenta por cento do trigo no Brasil vem da Argentina. Deixaríamos de vender tudo isso e de recorrer a outros mercados menos importantes. Cria-se um problema sério, porque, no caso do Brasil, é para o seu próprio consumo. Para que o Brasil não precise fazer esforços de produzir trigo em um clima que é tropical. Como havia dito o presidente Lula, devemos nos complementar e não competir. O que um pode fazer bem, que o outro não faça.