? O deputado Mendes Ribeiro é uma pessoa vinculada, embora não ostensivamente, ao setor. Ele se faz presente e conhece o assunto. Logicamente, o ministro depende das assessorias que tiver para tocar os processos ? afirmou nessa quarta à noite, o presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Carlos Sperotto, antes da confirmação do novo titular.
? Eu diria que ele é um bom nome. Teria o apoio integral da nossa entidade ? acrescentou.
Segundo Sperotto, a instabilidade gerada neste período de proximidade da feira, antes inclusive da queda de Rossi, não traz preocupação ao setor, já que a política para o agronegócio do governo federal não deve ser alterada.
? O quadro que se formou em torno de Rossi indicava esse desfecho. Mas, até prova em contrário, a pessoa do ministro continua com a mesma credibilidade com o setor primário gaúcho ? opinou Sperotto.
Além disso, a presença de José Gerardo Fontelles, um técnico, como secretário-executivo do ministério também tranquiliza o setor. Ele assumiu com a saída do braço direito de Rossi, Milton Ortolan, que pediu demissão em 6 de agosto. Com mais de 40 anos de serviço público federal, o engenheiro agrônomo Fontelles fora secretário entre maio de 2009 e março de 2011 e exerceu diversos cargos no Ministério da Agricultura.
Para o tesoureiro-geral da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag), Sérgio de Miranda, a escolha de Mendes Ribeiro pode ser interessante, principalmente aos agricultores do Rio Grande do Sul:
? O fato do Mendes ser do Rio Grande do Sul e de ele saber da força que a agricultura familiar tem aqui pode ajudá-lo. Embora tenhamos menos contato com esse ministério, vamos torcer para que dê certo.
Apreensão dos arrozeiros
O presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Renato da Rocha, analisou, porém, que a instabilidade política no ministério nos últimos dias coincidiu com um momento ruim.
? Estamos em plena recuperação de um ano que foi muito ruim e planejando a próxima safra, isso durante a execução de um pacote de medidas federais para o setor. Nosso temor é de que a crise política desvie o foco do debate sobre a importância das cadeias produtivas. Vamos acompanhar essa mudança com apreensão ? disse Rocha.
O setor arrozeiro registrou um ano dramático, com a cotação do cereal caindo abaixo de R$ 18 ? o preço mínimo garantido pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de R$ 25.
Segundo o dirigente, a atuação do ministro Wagner Rossi e de sua equipe técnica foi fundamental para a recuperação do setor. Rocha disse esperar que o sucessor de Rossi mantenha a capacidade de ouvir os produtores e que conclua a aplicação das medidas de apoio aos arrozeiros.