Painel debateu os rumos do agronegócio nos próximos quatro anos da presidente na Abertura Oficial da Colheita, em Alto Garças (MT)
Gisele Neuls | São Paulo (SP)
Com a crise econômica vivida pelo país, marcada por inflação em alta, redução nas taxas de crescimento e deficit balança comercial, a confiança na capacidade do governo federal em dar suporte ao agronegócio está baixa. Este foi o consenso entre os participantes do Fórum Soja Brasil Perspectivas do agro no segundo governo Dilma.
– Estamos vendo este segundo governo com muita preocupação. Inflação subindo e juros subindo para tentar controlar a inflação não combinam com crescimento – disse o presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de MT (Sistema Famato), Rui Prado.
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Prado acredita que, para o agronegócio passar por este cenário de forma positiva, o país precisa de estabilidade do câmbio em patamares que remunerem tanto exportação quanto mercado interno. Mesmo assim, o vice-presidente da Aprosoja-Brasil, Bartolomeu Braz, não está confiante.
– Não estamos com expectativa muito boa com o que está sendo anunciado na política econômica para o Brasil. O aumento do diesel vai impactar muito os custos de produção, falta crédito, todos os anos temos que mendigar pelo prêmio de subvenção do seguro. Da forma como está, é muito difícil – lamentou Braz.
O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado federal Marcos Montes (PSD-MG) – que declarou ter feito campanha ativamente para o candidato à presidência Aécio Neves no ano passado – também está preocupado com o cenário político, mas diz que o momento é de apostar no país.
– É claro que o mandato começa com um cenário preocupante, mas temos que acreditar na nossa força. Temos que nos debruçar sobre assuntos importantes e pertinentes ao setor, como logística, questão indígena, mas temos cada vez mais que acreditar que investimentos de valorização do agronegócio serão feitos com mais força – disse o deputado.
Igualmente preocupado com o momento político e econômico do país, o presidente da Aprosoja de Mato Grosso, Ricardo Tomczyk, disse que o momento exige pragmatismo.
– Os desafios não são poucos. Tivemos algumas dificuldades de relacionamento que não acredito que se resolvam rapidamente. Mas é tempo de deixar para pra trás as discussões eleitorais e construir – afirmou Tomczyk.
Kátia Abreu no Mapa
O presidente da Aprosoja-MT disse também que o desafio da associação neste ano é estreitar relações da entidade com o novo governo e, principalmente, com a nova gestão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
– Temos uma certa apreensão sobre com que velocidade vamos estreitar nossa relação com a nova ministra. Kátia Abreu conhece o campo e a nossa situação, mas não teremos, num primeiro momento, o mesmo trânsito que tínhamos com Neri Geller, que era daqui de Mato Grosso. Nossa função é construir esse ambiente para que possamos endereçar nossas demandas ao Ministério – avaliou Ricardo Tomczyk.
O presidente da Famato, Rui Prado, segue na mesma linha e diz que espera que o Ministério da Agricultura seja forte no relacionamento com outros ministérios e com a presidência.