Lideranças do agronegócio criticam seleção de adidos agrícolas do Brasil

Critérios definidos pelo governo federal geram polêmicaA Frente Parlamentar da Agropecuária, lideranças e especialistas em agronegócio criticaram a forma como serão escolhidos os adidos agrícolas brasileiros. Apesar de defenderem a necessidade de profissionais para atuarem junto à diplomacia brasileira em oito países para promover os produtos nacionais, eles não concordam com os critérios definidos pelo governo federal para a seleção dessas pessoas.

O ponto mais polêmico do decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que estabelece os critérios de escolha desses profissionais prevê que os adidos agrícolas têm de ser servidores de carreira do Ministério da Agricultura ou empregados públicos cedidos à pasta. O profissional a ser designado pelo presidente Lula deve contar com as indicações dos ministros da Agricultura e das Relações Exteriores.

O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) defende uma participação efetiva do Congresso Nacional na escolha e que o profissional tenha um perfil mais negociador, que conheça a atividade e o comércio internacional.

? O que nós pedimos é que o Congresso possa também sabatinar esses que irão representar o Brasil nos consulados e, ao mesmo tempo, buscar pessoas que não sejam também ligadas ao Ministério da Agricultura. Outras lideranças do setor poderiam também se incluir nesse quadro para serem sabatinadas e amanhã ocuparem uma condição como essa no consulado como adido agropecuário ? afirmou.

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) partilha dessa opinião. O consultor em agronegócio Clímaco Cezar concorda.

? Embora o Ministério da Agricultura e outros órgãos como a Conab [Companhia Nacional de Abastecimento] tenham excelentes funcionários, a visão deles é pública, de controle. Para que se chegue ao que se quer, nós precisamos de adidos agrícolas que sejam negociais, indicados, por exemplo, pela CNA. É muito comum empresas colocarem funcionários em final de carreira no Exterior que não dão conta do recado ? diz ele.

Os adidos agrícolas vão atuar em postos diplomáticos de oito países. Em Genebra (Suíça), o profissional vai acompanhar as demandas relativas à Organização Mundial do Comércio. Em Bruxelas (Bélgica), o adido será encarregado das negociações bilaterais com os 27 países membros da União Européia. Em Pretória (África do Sul), Pequim (China), Tóquio (Japão) e Washington (Estados Unidos), o objetivo é ampliar as exportações agropecuárias. Em Moscou (Rússia), o profissional ficará atento ao país que é o principal destino das carnes brasileiras.

A exceção fica por conta de Buenos Aires (Argentina), que, diferente dos outros países, é o principal exportador de produtos agrícolas para o Brasil.

A escolha de oito nações também foi criticada pelos parlamentares, que se queixam do fato de mercados considerados estratégicos, como a Inglaterra, terem ficado sem a presença de um representante brasileiro ligado ao agronegócio.