Com o fim do grupo interministerial que analisava mudanças na norma ambiental, produtores e ambientalistas decidiram elaborar por conta própria propostas de mudanças na legislação para enviar ao Congresso. Eles esperam que os parlamentares votem ainda este ano a nova legislação.
Para a ONG Greenpeace, que vinha negociando com lideranças do setor rural, apesar da polêmica um entendimento entre produtores e ambientalistas é possível.
? O setor rural está nos dizendo, por meio da presidente da CNA [Confederação de Agricultura e Pecuária, Kátia Abreu], que quer preservar. E nós estamos dizendo ao setor rural que nós queremos ver a floresta protegida. Portanto há uma primeira base para a negociação, ou seja, ninguém quer ficar como o vilão do meio ambiente, nem nós queremos ficar como os culpados pela inviabilização da agricultura ? afirma o diretor de Políticas Públicas da organização, Sérgio Leitão.
Os ambientalistas começam agora a demonstrar disposição para negociar pontos considerados polêmicos, que foram responsáveis por desentendimentos até dentro do governo. Uma das divergências é a produção agrícola já tradicional no país, realizada em áreas de várzeas, encostas e topos de morros ? nas chamadas Áreas de Preservação Permanente (APP). Mas para negociar, eles não abrem mão de que as discussões sobre a Amazônia sejam feitas em separado das dos outros biomas.
O setor rural não concorda com a separação do debate. As lideranças preparam agora uma proposta considerada mais ousada do que a que vinha sendo negociada com o governo. A condição imposta pelos agricultores é que as áreas de plantações tradicionais sejam regularizadas, caso contrário eles prometem não assinar o pacto pelo desmatamento zero na Amazônia.
? É uma discussão difícil que não pode ser feita de uma hora para outra. O que importa agora é ver onde persiste o problema, o que se pode resolver e tentar encaminhar ? disse o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel.