Líderes fecham acordo e PEC do Trabalho Escravo será votada na Câmara

Medida prevê mudança do texto durante tramitação no SenadoLíderes da Câmara dos Deputados e do Senado fecharam acordo e a PEC do Trabalho Escravo será votada nesta quarta, dia 9, sem obstrução. O acordo prevê a mudança do texto da PEC durante a tramitação no Senado, quando será incluído na proposta que a desapropriação de terras urbanas e rurais em que houver trabalho escravo será regulamentada em lei específica. O acordo foi intermediado pelo presidente da Câmara, Marco Maia, e pela presidente interina do Senado, Marta Suplicy.

— Fechamos aqui um bom acordo para a votação da PEC hoje na Câmara. Isto representa um avanço porque estamos trabalhando no sentido de erradicar o trabalho escravo no Brasil — disse o presidente da Câmara, Marco Maia.

Ele também anunciou que será criado um grupo de trabalho, composto de cinco deputados e de cinco senadores, que vai discutir a regulamentação futura da PEC do Trabalho Escravo.

A votação da PEC estava marcada para terça, mas alguns líderes criticaram o texto, que consideraram vago. Como a proposta já foi aprovada em primeiro turno pela Câmara e não pode ter o texto alterado, a solução encontrada foi garantir entre os senadores o compromisso de que a matéria será mudada na outra Casa. Se isso ocorrer, o texto terá de voltar para outra votação na Câmara.

Multa

A proposta permite o confisco, sem indenização, das terras urbanas e rurais em que houver trabalho escravo. As propriedades serão destinadas à reforma agrária e programas de habitação popular. O acordo com o Senado prevê que os senadores vão deixar claro que a expropriação será feita na forma de uma lei, que além do processo vai determinar o que é considerado trabalho escravo.

Mais cedo nesta quarta, os parlamentares da Frente Agropecuária chegaram a anunciar que só votariam a proposta após a criação de uma lei complementar que definisse com clareza o trabalho escravo.

Atualmente, quando são encontrados trabalhadores em situação de escravidão o proprietário é multado e responde criminalmente, mas mantém a posse da terra.