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As estradas são muito estreitas e disputadas por carros e carretas carregadas, nuvens de poeira transformam cada ultrapassagem em uma movimentação de risco.
– Essas rodovias são os nossos entraves mesmo, porque tudo que é produzido aqui sai por essas estradas – diz a presidente do Sindicato Rural de Gaúcha do Norte, Neusa Cecília Wesnner.
O delegado da Associação dos Produtores de Soja e Milho de MT, Josenei Zemolim conta que nos períodos de chuva, de janeiro a março, as rodovias ficam intransitáveis e, na maior parte das vezes, são interrompidas, deixando a cidade sem acesso.
– A logística aqui é um caos, chega tudo caro e sai tudo barato – protesta Zemolim.
Nas estradas de chão, os desgastes dos veículos são bem maiores. Buracos e pedras encontrados no caminho fazem dos pneus um alvo. O caminhoneiro Ramiro Borges da Silva conta que já perdeu um pneu na estrada, um custo de R$ 1.800.
– Já não aguenta recapagem, já é um pneu reformado e não tem mais estrutura para aguentar. Não tem mais condições, eu estou indo embora para Lucas do Rio Verde (MT) e não volto mais para cá – desabafa Silva.
O custo acaba sendo pago por produtores da região, o frete cobrado pelas transportadoras não para de subir.
– É muito grave, porque está na base de 12% a 13% do valor do produto pago em frete, isso para a soja. O milho já passa de 50% só de frete. E o mesmo preço a gente paga na hora em que vêm os adubos, os defensivos, os fungicidas, a gente sempre paga essa quantia a mais quando esses produtos chegam no nosso município – calcula o produtor rural Ari Baltazar Langer.
Langer cultiva grãos em uma área de 2,1 mil hectares na região, o produtor está planejando a próxima safra de soja e já comprou o fertilizante necessário. Teve que desembolsar R$ 115 pela tonelada do produto.
– Se fosse em uma região com asfalto, eu pagaria cerca de R$ 60 a R$ 70, tudo culpa de não ter nenhuma ligação asfáltica em nosso município. Se a gente soubesse mexer com outras coisas já até teria desistido – fala o produtor.
A presidente do Sindicato Rural reclama que o problema logístico limita o crescimento, porque impede que os produtores possam ter opções como avicultura, ou suinocultura, por exemplo. Trazer outras culturas é inviável devido ao acesso precário.
– Gaúcha do Norte é um exemplo clássico do quanto a logística faz a diferença para o agronegócio. Aqui, infelizmente, a falta de logística prejudica toda a região, Gaúcha do Norte tem uma grande produtividade, tem produtores extremamente competentes, que sofrem demasiadamente com a falta de infraestrutura, com os custos de produção extremamente elevados – argumenta o presidente da Aprosoja-MT, Ricardo Tomczyk.
A logística é o principal entrave para que o município se desenvolva mais. A produção está acima da média do Estado, a área plantada não para de crescer. Hoje, a soja e o milho ocupam 230 mil hectares na região. Segundo o Sindicato Rural do município, para a próxima safra a expectativa é de ampliação, 40 mil hectares a mais devem ser cultivados.
Para tentar mudar essa realidade, a Aprosoja cobra do governo federal mais agilidade na pavimentação das estradas que dão acesso ao município. O presidente da entidade anunciou alguns avanços, durante evento do 9º Circuito Aprosoja, .
– A gente trouxe aqui a evolução do andamento da BR 242, a provável licitação de mais dois trechos. Os trechos da 158 também serão licitados em breve – pontuou Tomczyk.
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