Os custos com o frete no Brasil são muito altos já que boa parte dos grãos são transportados por rodovias. Um estudo feito pela entidade reafirma a tese de que a logística prejudica a competitividade dos grãos brasileiros em relação a outros importantes exportadores. Segundo a associação, o preço médio pago ao produtor de soja e milho aqui foi o mesmo na Argentina e nos Estados Unidos. A diferença foi o custo do frete, que fez o produtor brasileiro sair perdendo.
Nos cálculos da Anec, entre janeiro e novembro do ano passado, o valor médio ao produtor de soja e milho ficou em US$ 399 por tonelada no Brasil, na Argentina e nos Estados. Mas, para os brasileiros, a despesa com logística chegou a US$ 84 por tonelada. Bem acima de argentinos (US$ 23) e americanos (US$ 21). Ou seja, um custo quatro vezes maior.
? A Argentina consegue preços menores porque percorre trajetos menores, com uma média de percurso de 200 quilômetros. A média do Brasil é de 1,1 mil quilômetros, parecida com a americana, só que mais de 60% da soja americana é transportada por hidrovias que é o custo mais barato que existe: custa um quinto das rodovias ? disse o diretor geral da Anec, Sérgio Mendes.
São as rodovias o motivo da despesa maior do produtor de grãos no Brasil, segundo o consultor portuário Marcos Vendramini. Cerca de 65% dos grãos e minérios do país são transportados por caminhões. Considerando uma rota a partir da região Centro-oeste, um trajeto de 500 quilômetros pode custar, em média, R$ 68 por tonelada. O especialista explica que, por ferrovias, esse custo seria de 25% a 35% menor. Nas hidrovias, essa redução poderia chegar a 45%.
? O Brasil é um país com dimensões continentais, com malha predominantemente rodoviária, ou seja, é uma rede de transporte burra. Não existe nenhum país com essas dimensões e com essa participação de transporte rodoviário ? defendeu Vendramini.
O consultor defende ainda melhorias na infra-estrutura dos portos do país, assim como uma organização de operações que leve em conta o calendário da safra de soja e de milho.
? Só não precisa assim de portos novos a curto prazo. É preciso aumento da participação do modal ferroviário, a utilização de armazenagem independente que dá maior margem para o produtor trabalhar e a otimização da capacidade de terminais aproveitando a alternância da safra de milho e soja ? concluiu Marcos Vendramini.