A vegetação parece estar morta no semiárido nordestino. Verde mesmo só a faveleira com seus espinhos, que suporta as adversidades do sertão e alerta para as dificuldades da região. Mas, famílias de agricultores ainda permanecem no campo.
A paisagem cinza e a terra seca já foram motivos para o abandono das terras nordestinas. Hoje, isso está mudando.
O produtor rural João Coelho Marques tem 61 anos e nunca fez outra coisa a não ser trabalhar com a agricultura e ele não pensa em largar. O seu filho, Fábio Rodrigues Marques, também não pensa em deixar a agricultura para tentar a vida na cidade.
? Com os avanços que a agricultura vem tendo, não para deixar. Dá para continuar. Com certeza dá para tirar o sustento da terra ? relata Fábio.
A obstinação e o apoio da família ajudam a vencer as dificuldades. Segundo Jerusalina Rodrigues Marques, a maior dificuldade é que eles não têm água há cerca de dois anos. Mesmo assim, eles seguem no campo. João garante que não quer sair da terra, local onde criou toda a família.
? Gosto mais do campo. A cidade é pra ir de vez em quando ? conta Jerusalina.
Foi esta determinação que fez o filho dos agricultores não abandonar a região. Hoje Fábio aposta na agricultura.
? Antigamente a vida era mais difícil. Se a agricultura sobreviveu, também vou conseguir, já que hoje é mais fácil ? complementa.
Ele já percebe que outros jovens também estão deixando a cidades para voltar ao campo.
A família planta milho e feijão para venda e consumo, mas neste período, não há lavoura e a atenção fica concentrada na criação de caprinos. É uma forma de diversificar a cultura e garantir o sustento.
Na semana em que se comemora o Dia do Agricultor, a família Marques é um dos muitos exemplos de luta e resistência no campo, que ilustram a frase de Euclides da Cunha: “O sertanejo é antes de tudo, um forte.”
Leia também
Tradição na cafeicultura é mantida por gerações em Minas Gerais