Tudo começou num posto de gasolina à beira da estrada no entroncamento das BRs 242 e 020, ponto de passagem de muitos caminhões. Na década de 1980, com a descoberta de sementes para o Cerrado, produtores rurais saíram do sul do país para desbravar a região, e ali surgiu um pequeno vilarejo.
? Foram pessoas de um modo geral humildes, que vieram sem muito recurso. Pois quem tinha recursos mais fartos ia comprar no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás ? conta Celito Missio, do Sindicato Rural de Luís Eduardo Magalhães.
O distrito de Barreiras era chamado de Mimoso do Oeste. Com a expansão da soja, o vilarejo cresceu, e em março de 2000 veio a emancipação e o novo nome de Luís Eduardo Magalhães. A cidade nasceu com mais de 20 empresas de processamento de grãos e fibras.
? Aqui no oeste da Bahia são praticamente 1,5 milhão de hectares cultivados. Eu acredito que pelo menos um milhão de hectares convergem para Luís Eduardo, tanto para aquisição de insumos, máquinas, como para serviços ? explica Missio.
Com uma economia forte baseada no campo, o município de apenas 44 mil habitantes ocupa hoje a 36º posição no ranking das cidades com maior renda per capita do Brasil.
Mas os grãos não são os únicos personagens da economia de LEM. A partir da década de 1990, o algodão passou a ser cultivado na região, e com a utilização de tecnologia de ponta, a produção cresceu tanto que o oeste da Bahia deve colher este ano 1,2 milhão de toneladas da pluma.
Um dos produtores é o holandês Herman Burema. Depois de viver 14 anos no Japão, ele viu em Luís Eduardo uma boa oportunidade de crescer. Há dois anos e meio no Brasil, o empresário produz mais de 10 mil toneladas de algodão, mas sua grande aposta é o café. Por enquanto, são apenas quatro pivôs dedicados à cultura, mas Burema já investiu em mais 18, e construiu uma fábrica de beneficiamento dos grãos.
? Eu sempre tive o sonho de vida de mexer com agronegócio. Nós olhamos vários lugares dentro do Brasil, mas decidimos no final o oeste da Bahia ? conta Herman Burema.
Pela cidade, os investimentos não se limitam ao campo. A alta produção chamou a atenção também de grandes indústrias. O mais novo investimento é um complexo avícola, de uma empresa de Pernambuco, com investimento total de R$ 100 milhões, que inclui uma fábrica de ração, granjas e um abatedouro ainda em fase de conclusão. O coordenador administrativo, Adauri Menger, explica o motivo da escolha pela cidade:
? Principalmente sob o aspecto que é uma região virgem em agricultura e a gente teria um benefício muito grande em termos de grãos, porque a gente transportava os grãos 1667 quilômetros, e agora nós vamos ter os grãos praticamente dentro de casa.