? Os países em vias de desenvolvimento com as características da Indonésia e do Brasil não deveriam analisar esta crise só como um problema ? disse Lula, em entrevista coletiva, após seu encontro com o presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono.
? Temos que ver este momento como uma grande oportunidade ? acrescentou o presidente brasileiro, que ressaltou que a escalada dos preços da energia e dos alimentos não está ligada à produção de biocombustíveis, mas à especulação.
Neste sentido, Lula destacou a assinatura de um acordo pelo qual os dois países se comprometem “a fomentar a cooperação mútua para o desenvolvimento de técnicas de produção de etanol”, do qual o Brasil é um dos maiores produtores mundiais.
Susilo Bambang Yudhoyono disse à imprensa que a Indonésia enviará ao Brasil um grupo de especialistas para estudar o modelo de produção de etanol do país latino-americano. Fontes diplomáticas brasileiras disseram à Agência EFE “que não se trata de um acordo comercial”, mas “de caráter científico”, pois seu fim “é aprofundar os intercâmbios de pesquisadores, publicações e conhecimento”. O acordo incide na importância da “transferência de conhecimento” entre equipes de pesquisa dos dois países no contexto global atual, que inclui a necessidade de “reduzir as emissões que provocam o efeito estufa” e de “promover o desenvolvimento sustentável”.
As questões ambientais, como a mudança climática e os problemas de desmatamento, estiveram também presentes na agenda deste encontro. Além disso, Lula e Susilo assinaram um segundo acordo que pretende promover a cooperação entre instituições no campo da educação, com o objetivo de “aprofundar o entendimento entre os dois países”. Esta iniciativa inclui a formação e capacitação de professores e pesquisadores, a troca de informação e experiências, as comunicações entre equipes de pesquisa e o incentivo à produção científica.
Além disso, os dois chefes de Estado assinaram um protocolo para facilitar os trâmites alfandegários de seus respectivos representantes diplomáticos no outro país. Lula aproveitou também sua visita a Jacarta para se reunir com o presidente da Assembléia Consultiva Popular, Hidayat Nur Wahid, e com o porta-voz do Parlamento da Indonésia, Agung Laksono.
Depois, o presidente brasileiro presidiu um encontro entre membros das câmaras de comércio de ambos os países, que buscava fomentar o comércio bilateral. O volume de troca comercial entre os dois países alcançou em 2007 os US$ 1,47 bilhão (950 milhões de euros), um aumento de 155% em relação a 2003, mas ainda muito longe de seu nível potencial.
? É incompreensível que não tenhamos participação em um país de mais de 200 milhões de habitantes como a Indonésia ? disse Lula recentemente, e afirmou que a oportunidade de o Brasil ocupar um espaço no mercado internacional prevê diversificar seus contatos e produtos.
Com sua visita à Indonésia, o presidente brasileiro deu, neste sábado, por finalizada a viagem asiática, que o levou também nos últimos dias ao Vietnã e ao Timor-Leste. Lula esteve nestes países após sua participação na cúpula anual do Grupo dos Oito (G8, os sete países mais desenvolvidos e a Rússia) que aconteceu no início desta semana no Japão, e na qual, entre outros, se reuniu com o presidente americano, George W. Bush.