Lula defende Malvinas para a Argentina e critica ONU

Em discurso veemente no México, presidente brasileiro apelou por reforma do Conselho de SegurançaPaparicado por presidentes latino-americanos, chamado de "líder indiscutível" da região, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou duramente nessa terça, dia 23, a Organização das Nações Unidas (ONU) e o seu Conselho de Segurança por não se posicionarem em favor da soberania da Argentina sobre as Ilhas Malvinas. A declaração foi feita durante discurso na Reunião de Cúpula da Unidade da América Latina e do Caribe (Calc), que se encerrou na terça em Playa del Carmen, perto de Cancún, no Méxi

? A nossa atitude é de solidariedade à Argentina. Qual é a explicação geográfica, política e econômica de a Inglaterra estar nas Malvinas? Qual é a explicação de as Nações Unidas nunca terem tomado essa decisão? Não é possível que a Argentina não seja dona das Malvinas, mas que seja a Inglaterra, a 14 mil quilômetros de distância.

Lula insinuou que a ONU age dessa forma porque a Grã-Bretanha é membro permanente do Conselho de Segurança. Voltou também a defender uma reforma do organismo, ampliando sua representatividade (o Brasil é candidato a uma cadeira permanente).

A reivindicação argentina sobre as Malvinas ? pivô de uma guerra em 1982, vencida pela Grã-Bretanha ? se intensificou nas últimas semanas, devido aos planos britânicos de explorar petróleo na costa do arquipélago. A prospecção começou na segunda-feira, sob protestos da presidente argentina, Cristina Kirchner.

No discurso de improviso, Lula também afirmou que este “é o momento político” de se discutir a reformulação do Conselho de Segurança.

? Não é possível que o Conselho continue representado pelos interesses da época da II Guerra Mundial. Por que isso não muda? Se nós não enfrentarmos esse debate, a ONU vai continuar a funcionar sem representatividade, e o conflito no Oriente Médio vai ficar por conta do interesse dos americanos, quando, na verdade, a ONU é que deveria estar negociando a paz lá ? opinou o presidente brasileiro, que chegou a dar um murro na mesa enquanto falava, exaltado.

Depois do discurso, o presidente mexicano, Felipe Calderón, em tom de despedida, lembrou que o brasileiro está em seu último ano de mandato e o chamou de “líder indiscutível da região”.