O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu mais um sinal de que o Brasil pode aderir ao megaprojeto de infraestrutura da China Belt and Road Iniciative (Inicitativa Cinturão e Rota, em português), conhecido popularmente como a “nova Rota da Seda”. A iniciativa sofre crescente objeção de parceiros ocidentais do Brasil, como Estados Unidos e União Europeia.
“Os chineses querem discutir conosco a ‘Rota da Seda’. Nós vamos discutir a ‘Rota da Seda'”, disse Lula. “Nós não vamos fechar os olhos, não. Nós vamos dizer: O que é que tem para nós? O que eu tenho com isso? O que eu ganho? Porque essa é a discussão.”
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O presidente discursou na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI) ao lado do presidente da entidade, Ricardo Alban, que endossou a posição de Lula. “Não pense que quando falo da China quero brigar com os EUA, pelo contrário. Quero os Estados Unidos do nosso lado tanto quanto quero a China. Eu quero saber onde é que nós entramos, qual o lugar eu vou entrar, com quem eu vou dançar? O Brasil só será respeitado se tiver projeto”, afirmou Lula.
Alinhamento
É a terceira vez, nos últimos três meses, que Lula sinaliza abertura à adesão do Brasil, um objetivo perseguido há 11 anos pela China. O projeto foi lançado em 2013, pelo presidente Xi Jinping. Os contratos de projetos ligados à nova Rota da Seda somaram US$ 2 trilhões (por volta de . Ao todo, 147 países ingressaram em projetos ou manifestaram interesse de participar da iniciativa chinesa.
Em reação, a Europa também lançou seu projeto de parceria internacional, a Global Gateway. Washington passou a acusar as obras chinesas de serem pouco benéficas e criarem uma “armadilha da dívida”, o que é contestado por Pequim.
O assunto será o ponto central da visita de estado que Xi Jinping fará ao Brasil, em novembro. Ele será recebido em Brasília com honras e cerimônia ampla, depois de participar nos dias 18 e 19 da Cúpula do G-20, no Rio. Antes, os dois presidentes se encontrarão em Lima, capital do Peru, durante a semana de líderes da APEC, o fórum de cooperação econômica Ásia-Pacífico.
Segundo Lula, a reunião bilateral em Brasília vai celebrar as relações e discutir a parceria de longo prazo. “Queremos ser uma economia mais forte do que jamais fomos e precisamos procurar parceiros”, afirmou o presidente.
Lula afirmou em junho que deseja construir com o líder chinês “uma parceria estratégica de muitos anos”. Em julho, admitiu que seu governo preparava uma proposta de adesão à nova Rota da Seda, a fim de verificar nas negociações com que vantagens o País receberia como contrapartida dos chineses.
Há uma extensa pauta e interesses dos dois lados, que vão além do agronegócio e passam por itens de Defesa, aviação e exploração espacial, além de investimentos em energia e indústria automobilística.