Será a primeira vez que um chefe de Estado brasileiro participará de uma cúpula africana, à qual foi convidado devido a seu interesse “em promover as relações entre África e América do Sul”. Lula discursará na inauguração da cúpula junto com o anfitrião, o líder líbio, Muammar Kadafi, os líderes de outros países africanos e o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, antecipou o porta-voz da Presidência, Marcelo Baumbach.
Em sua mensagem, “reafirmará o compromisso de longo prazo que o Brasil tem com o desenvolvimento da África, assim como a prioridade de política de Estado que o governo conferiu às relações com esse continente”, declarou um porta-voz da diplomacia brasileira.
Além de seu discurso de caráter político, Lula também busca potencializar as crescentes relações econômicas, comerciais e de cooperação, através da assinatura de três acordos entre Brasil e União Africana.
Um deles oferecerá estender a todos os países da África um projeto para melhorar a produtividade das indústrias de algodão de Mali, que a Embrapa desenvolve nessa nação há pouco mais de um ano.
O projeto busca melhorar a qualidade do solo, as técnicas de semeadura e a produtividade, e, até agora, o Brasil investiu em seu desenvolvimento cerca de US$ 4 milhões.
Também será assinado outro convênio sobre cooperação na área de agricultura, para o fortalecimento dos pequenos produtores e do acesso a mercados domésticos, regionais e internacionais, que incluirá a oferta de capacitar os camponeses no desenvolvimento de biocombustíveis.
O principal foco desse acordo será o etanol que o Brasil produz há três décadas com cana-de-açúcar e que Lula promove como ferramenta para promover a distribuição de renda e o combate à pobreza, assim como para conter a emissão de gases poluentes.
O terceiro acordo se refere à cooperação para o desenvolvimento humano e social, e assistência em saúde, e abrangerá também as áreas de cultura e esporte como mecanismos de inclusão.
No relativo à saúde, Lula renovará sua oferta de colaborar com a África no combate à aids mediante os programas que são aplicados no Brasil há mais de uma década, que são considerados pela ONU um “modelo” para o mundo em desenvolvimento.
Outro objetivo do presidente será buscar fórmulas para reforçar o comércio com a África, que tem um peso crescente na balança comercial do país.
Até 2003, quando Lula chegou ao poder, a troca entre Brasil e todos os países africanos girava em torno dos US$ 5 bilhões anuais.
No entanto, a política de diversificação do comércio exterior que Lula impôs desde então fez com que, em 2008, a troca com a África superasse os US$ 26 bilhões, disse Baumbach.
Esse crescimento situou a África no ano passado em quarto lugar entre os principais parceiros comerciais do Brasil e, segundo o porta-voz, existe uma “enorme margem” para ampliar essas relações.
Lula parte na noite desta segunda, dia 29, para Trípoli, onde pernoitará amanhã, e na quarta-feira se dirigirá para Sirte, cidade natal de Muamma Kadafi e sede da cúpula.