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Agronegócio

Mãe supera a perda do marido, cria filhos e lidera produção de leite

Quando os negócios da família ameaçavam decolar, a morte obrigou Beatriz Berenice Rosso a tomar as rédeas de uma propriedade que hoje tem um rebanho de 74 cabeças e produz 350 litros de leite por dia

É difícil para uma mulher sozinha educar os filhos, cuidar da lida na propriedade, dos afazeres da casa e ainda permanecer firme no propósito de concretizar o futuro idealizado pelo marido. Mas não para Beatriz Berenice Rosso, que com o amor de mãe transformou o trabalho diário em oportunidade e com dedicação e carinho vem semeando valores e sonhos na vida de seus filhos.

Por anos, a família Rosso viveu em propriedade de outros, pagando pelo uso da terra com uma pequena parte da produção. Apesar da situação “confortável”, Sidenei e Beatriz tinham o sonho de ter seu próprio chão e ver seus dois filhos, Pablo e Eduardo, trabalhando nele. “A propriedade em que vivíamos era pequena e não era nossa, e isso angustiava muito meu marido, pois os meninos estavam crescendo”, conta Beatriz.

Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário

Um dia, Sidenei escutou no rádio que tinha um programa que financiava terra para agricultores como ele. Procurou o sindicato de trabalhadores rurais de Santa Helena (PR) e lá conheceu o Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF).  “Queríamos melhorar o rebanho, mas na terra dos outros isso não era possível, por isso sabíamos que esse programa era nossa grande chance”, diz a agricultora.

Foi então que, em 2013, Sidenei e o filho mais velho, Pablo, adquiriram pelo PNCF cerca de 6,5 hectares cada, em áreas vizinhas. Com o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), eles compraram mais novilhas, aumentando para 20 cabeças o pequeno rebanho que tinham anteriormente.

Porém, um ano depois de entrar na terra Sidenei sofreu um acidente e faleceu. E antevendo seu destino, deixou ensinamentos preciosos aos filhos e uma responsabilidade enorme para a viúva, que teria pela frente o desafio de dar continuidade aos projetos iniciados pelo marido e cultivar nos filhos o mesmo amor que sempre tiveram pela lida na roça.

E assim foi feito. Juntos, Beatriz, Pablo e Eduardo tocam a produção de leite, que nos últimos cinco anos teve um aumento significativo. “Hoje nosso rebanho é de 74 cabeças e, destas, 39 estão em lactação, produzindo em média 350 litros de leite por dia, que vendemos para um laticínio de Missal. Por conta do aumento na produção, recentemente fizemos a nova sala de ordenha e o galpão, ambos com recurso do Pronaf Investimento”, conta Pablo.

Com o aumento na venda do leite a renda da família mais que dobrou e o lucro obtido foi todo investido em maquinário para auxiliar na lida com o gado.  “Compramos dois tratores, máquina de feno, plantadeira e outras máquinas para facilitar nosso trabalho”, acrescenta Pablo.

Eduardo, agora homem feito, confessa que chegou a pensar e ir trabalhar na cidade, mas com o êxito da propriedade ele desistiu. “A gente que é do campo só sai da terra quando ela não dá dinheiro, mas como aqui estamos conseguindo um bom retorno, não tenho a menor vontade de sair. Penso em fazer um curso técnico ou veterinária, mas apenas para melhorar a qualidade do que produzimos aqui”.

“Ficar no interior e ganhar dinheiro com o que se sabe fazer de melhor, pondo em prática o que se vivenciou desde pequeno, é muito gratificante”, conclui Pablo.  

O sonho não acabou

Sempre em parceria, eles plantam milho e pasto para silagem e frutíferas. Para consumo, criam porco, galinha e peixe e cultivam hortaliças, legumes e tubérculos.

“Nosso sonho não acabou, queremos agora ampliar a área. A ideia é que o Eduardo compre uma terra pelo Credito Fundiário aqui perto, para que possamos crescer ainda mais. O que só será possível porque os meninos são dedicados e amam estar na terra e porque existe o Crédito Fundiário, que nos permite sonhar”, diz a matriarca, orgulhosa dos filhos que criou.

Como projeto de futuro, a família Rosso pretende criar suínos, atendendo a uma forte demanda das cooperativas no noroeste paranaense, região líder nesse mercado.

 

Com informações da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário

Todas as sextas-feiras, até 8 de março, vamos publicar perfis de mulheres que fazem a diferença no agronegócio.

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