Um caminhão refrigerado estará esperando as aves para levá-las ao Centro de Recuperação de Animais Marinhos (Cram), em Rio Grande, onde serão tratadas e devolvidas ao mar. Será um recorde de hospedagem para o centro, que costuma receber até 150 pingüins a cada pedido de socorro ? geralmente devido a desastres ambientais.
Os pingüins-de-magalhães migram anualmente para o Brasil atrás da anchoíta, peixe do qual se alimentam. Da Patagônia argentina, os animais pegam correntes marinhas em direção ao norte brasileiro, mas a jornada costuma se encerrar nas praias do Rio de Janeiro, no máximo. Entre agosto e setembro, retornam às colônias no sul do continente para reprodução.
Neste inverno, devido a fenômenos aparentemente naturais, mais de mil pingüins prolongaram sua rota até o Nordeste. A maioria morreu em praias de Sergipe e Espírito Santo. Os animais que chegam nesta quinta a Rio Grande são juvenis e ainda não se reproduzem.
Para a analista ambiental do Ibama Camila Vianello, que supervisiona a viagem no vôo da Força Aérea Brasileira (FAB), os motivos para o desvio do percurso são resultado de uma combinação de fatores.
? As correntes estavam mais fortes e quentes este ano, e é nelas que eles encontram mais alimento. Além disso, o excesso de pesca nos mares da Patagônia argentina não pode ser descartado ? diz a especialista.