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Agricultura

Mais de 30 entidades se unem contra a suspensão do carbendazim

Produto é um dos 20 mais usados no país no combate a fungos que atacam as lavouras

Mais de 30 organizações ligadas à produção agrícola no Brasil se uniram na tentativa de reverter uma decisão tomada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na última semana. Essas entidades buscam derrubar a suspensão imposta contra o carbendazim, um dos 20 defensivos mais utilizados no país para combater a propagação de fungos que atacam — e destroem — as lavouras.

Para Glauber Silveira, que é presidente da Câmara Setorial da Soja e comentarista do Canal Rural, a decisão da Anvisa sobre o carbendazim mostra que, infelizmente, o produtor rural brasileiro só tem levado “chumbo”. Ele lembrou que a autoridade sanitária determinou a retirada imediata do produto do mercado, apesar de, tecnicamente, ele estar em fase de reavaliação.

“As entidades pedem é que ele [o produto] possa ser utilizado enquanto está sendo reavaliado”

“Isso é um absurdo”, enfatizou Silveira, que, ao participar da edição desta quarta-feira (6) do telejornal Mercado & Companhia, detalhou qual é, de fato, a solicitação do setor. “O que as entidades pedem é que ele [o produto] possa ser utilizado enquanto está sendo reavaliado porque, muitas vezes, na reavaliação [final] acaba sendo liberado para seguir no mercado”, pontuou.

Silveira destacou que o Brasil não é o único país a usar o carbendazim. Ele lembrou que outras mais de 80 nações também consomem o produto no dia a dia do agronegócio. Além disso, ele lamentou o fato de, ao menos por aqui, não haver nenhum similar que possa substituir — ao menos de forma imediata — esse defensivo. Diante de tal situação, o especialista externou o receio de ver os custos aumentarem para os produtores rurais.

glauber silveira - Carbendazin
Glauber Silveira é comentarista do Canal Rural | Foto: Reprodução

Carbendazim, um novo paraquat?

No sentido de riscos de mais gastos para quem está na linha de frente das lavouras, Glauber Silveira lembrou do caso do paraquat, defensivo que teve seu uso proibido no Brasil em setembro de 2020. Desde então, os agricultores têm sofrido, relatou. “Com o paraquat, o estrago foi enorme. O produtor tem que usar outros produtos para tentar substituir, mas que não substituem [com a mesma qualidade]”, analisou, alertando que, para quem dependia do paraquat, o custo médio aumentou em cerca de R$ 900.

Projetos de lei no Congresso Nacional

O comentarista do Canal Rural aproveitou a participação no ‘Mercado & Companhia’ para reforçar que entidades como Aprosoja, Abramilho, Abrapa e CNA apoiam o projeto de lei (PL) de número 6.58/2021, que está em tramitação na Câmara dos Deputados. O apoio se dá porque, entre outros fatores, o texto permite que o produtor rural — independentemente de seu tamanho — possa desenvolver seus próprios bioinsumos. O que não ocorre, contudo, com um PL que corre no Senado Federal. “E isso nos deixa muito preocupados”, afirmou Silveira.

Por fim, ele indicou que suspensões de produtos e a possibilidade de se proibir a produção interna poderá fazer com que o Brasil, no médio prazo, venha a sofrer com a temida insegurança alimentar.

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