Ao utilizar sistemas de cultivo que protegem o solo, o produtor reduz a demanda de mão de obra, devido à menor necessidade de revolver a camada arável do solo, como ocorre no sistema convencional de cultivo. As orientações chegam aos produtores por meio das equipes de campo das empresas associadas.
– A orientação técnica tem sido de inestimável importância na difusão destas tecnologias e um aliado permanente para o crescimento desta estatística. A expectativa é que mais produtores se mobilizem em torno da adoção destas boas práticas agrícolas, benéficas não apenas para o solo e o meio ambiente, mas para o próprio produtor, uma vez que a mão de obra também diminui – afirma o presidente do SindiTabaco, Iro Schünke.
No cultivo mínimo, o produtor mobiliza o mínimo possível o solo, protegendo parcialmente a sua superfície com resíduos da cultura anterior ou a biomassa resultante dos cultivos de cobertura, com o objetivo de diminuir os riscos de erosão. O plantio direto na palha é o sistema de cultivo mais eficiente na proteção do solo. Consiste em evitar o revolvimento do solo, preservando integramente a palhada dos cultivos de cobertura sobre a sua superfície.
Além do aspecto conservacionista, esta tecnologia propicia redução no uso de combustíveis fósseis, redução na mão de obra e aumento da rentabilidade do produtor através da redução de custos. Trata-se de um sistema já consagrado e amplamente utilizado no Brasil, inclusive no cultivo de tabaco. O Brasil é, atualmente, uma referência mundial no desenvolvimento e uso desta tecnologia.
Alguns produtores que continuam utilizando o sistema convencional de preparo do solo adotam outras práticas conservacionistas como terraceamento, cultivos de cobertura e plantio em nível, que funcionam como mecanismo de proteção em relação ao escoamento das águas das chuvas, reduzindo a sua velocidade e seu potencial erosivo.
Outra forma de proteger o solo é através da preservação da mata ciliar, localizada no entorno de nascentes e nas margens dos cursos d’água. Além disso, como o tabaco é uma cultura sazonal, permitindo um cultivo sucessivo, as empresas incentivam o plantio de outras culturas, como o milho e o feijão após o tabaco. Esta prática possibilita a redução das populações de pragas e doenças, o reaproveitamento dos resíduos de fertilizantes, constituindo-se em fonte complementar de alimentação e renda das propriedades.
– Ao gerenciar de modo adequado e sustentável as atividades agrícolas, pode-se racionalizar o uso de fertilizantes e agrotóxicos, contribuindo positivamente para a preservação do solo e redução nos riscos de contaminação do meio ambiente – diz Schünke, que também é engenheiro agrônomo.
Programa Microbacias
Para embasar o trabalho contínuo de orientação aos produtores integrados, o SindiTabaco desenvolve desde 2005 o Programa Microbacias, em conjunto com duas universidades federais. Os estudos de análise de concentração de sedimentos na água e avaliação da atividade biológica do solo são realizados na Microbacia do Arroio Lageado Ferreira, em Arvorezinha.
As ações têm como objetivo principal a avaliação do impacto das atividades agrícolas e de ocupação das terras sobre o solo e os recursos hídricos. Nestes locais, o manejo do solo foi modificado sensivelmente com a introdução gradual de práticas conservacionistas como o cultivo mínimo, o plantio direto, o uso de plantas de cobertura, dentre outras práticas.
A experiência obtida no monitoramento de bacias hidrográficas mostra que as práticas de manejo e conservação do solo e água apresentam grande eficiência na redução dos problemas ambientais (erosão, empobrecimento do solo, susceptibilidade às secas, contaminação da água, assoreamento e enxurradas).
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