ABERTURA DA COLHEITA

Mais Milho: produtor deve avaliar às áreas que viabilizam economicamente para a safra 23/24

Especialistas pontuam que apostar em diversidade de cultura pode ser a saída para minimizar as perdas de rentabilidade diante do alto custo de produção

O cenário do milho no curto prazo é considerado desafiador. Altos custos e a desvalorização do grão, somada a falta de espaço nos armazéns para o recorde de produção, são os principais pontos elencados hoje pelo setor produtivo e que podem impactar nas tomadas de decisões da safra 2023/24. Entre as alternativas para minimizar as perdas de rentabilidade na próxima temporada está a diversidade de cultura, como é o caso do sorgo.

Os desafios para o milho no curto prazo marcaram a Abertura Nacional da Colheita do Milho Segunda Safra nesta quarta-feira (12) no município de Cláudia, em Mato Grosso. O evento oficializou a colheita do cereal no país.

A abertura foi realizada na Fazenda Jaqueline, do produtor mato-grossense Zilto Donadello, e integra a programação do Projeto Mais Milho, realizado pelo Canal Rural em parceria com a Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) e a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT).

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Foto: Fernando Martin

Presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS), André Dobashi, frisou que o agricultor está acostumado a fazer compras antecipadas, principalmente de sementes de milho, uma vez que “é uma coisa normal faltar semente de milho no mercado”.

Segundo Dobashi, é preciso tomar muito cuidado em relação à compra de insumos e ao armazenamento, visto a necessidade de fechar os custos. Na avaliação dele a diversificação de culturas é uma alternativa para o futuro de preços.

“A única opção que a gente tem é fazer uma rotação mais acentuada dentro da propriedade. De uma maneira ou outra, reduzir a área de milho plantando, principalmente na segunda safra, e lançar mão de outras culturas. Por isso, que a gente tem olhado para o amendoim, feijão, trigo, sorgo, para outras culturas que possam capitalizar o produtor na mesma proporção”.

O ano é de muita cautela, conforme o vice-presidente da Aprosoja-MT, Lucas Beber. “Talvez seja o ano de fazer algo mais enxuto. Um milho de baixo e médio investimento para tentar fechar achar a conta”.

Beber pontuou ser muito preocupante a situação. “A gente não fala em parar de plantar, mas plantar as áreas que realmente viabilizam economicamente”.

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Foto: Fernando Martin

Empresas apostam em tecnologia para ajudar o produtor

De acordo com o administrador técnico de vendas da Ihara, Alan Donel, a maior dificuldade que se tempo no campo é quanto a tecnologia e a eficiência que ela traz.

“Realmente é um desafio que a gente tem. A Ihara tem buscado trazer cada vez mais tecnologias e soluções que ajudem ao produtor. E, a questão da diversidade de cultura também é importante e certamente nós buscamos aí a melhor proposta para o produtor e fazer com que ele produza cada vez mais”.

O diretor de Negócios de Milho da Bayer, Rodrigo Nuernberg, destacou que a agricultura é feita de fases e que se tem muito o que aprender com isso.

“Não é a primeira crise em relação a preços de commodities que temos. Já passamos por várias delas e vamos passar ainda. O produtor está fazendo o seu papel. Estamos crescendo com o milho em cima de produtividade. O produtor brasileiro é um dos mais competentes do mundo, se não o mais competente”, disse.

Sobre a próxima safra de milho, Rodrigo Nuernberg pontuou que é importante entender a conjuntura do mercado. Apesar de estar produzindo uma safra recorde com mais de 125 milhões de toneladas de milho, salientou ele, o Brasil conta com um estoque de passagem projetado em oito milhões de toneladas, o que presente cerca de 6,5% da produção.

“É muito pouco. Não é diferente do mundo, que está produzindo 1,2 bilhão de toneladas de milho e se estima um estoque de passagem ao redor de 300 milhões de toneladas, que é abaixo da média histórica”.

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Foto: Fernando Martin

Sorgo é amigo e não inimigo do milho

O sorgo é visto como uma alternativa para a diversificação de cultura junto ao milho para rentabilizar o produtor. Rústico, o sorgo é uma cultura que cicla nutrientes e que necessita da metade da água que o milho precisa.

Segundo o representante comercial da Brevant Sementes, Willian Possamai, os híbridos de sorgo que se tem no mercado hoje evoluíram tanto quanto os híbridos de milho e é possível se ver produtividades de 160, 170 sacas por hectare.

“O ano é desafiador e temos que enxergar as oportunidades de mercado e o sorgo está aí para ser o melhor amigo do milho”.

 

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