A soja que está na fase de florescimento deveria ter uns 60 centímetros, porém tem a metade desse tamanho e este é um dos sintomas do problema.
O produtor rural Juliano Carling gastou R$ 6 mil para tentar descobrir o que provoca a mancha, que, segundo ele, há oito anos é investigada. Ele fez análise de solo, da planta, nematóide, equilibrou dosagem de fertilizantes micro e macro, adotou uso de agricultura de precisão e até agora nada foi confirmado.
— A gente fica também com medo, porque todo o pessoal da área técnica, cada um tem um palpite. Uns dizem que é excesso de uma coisa, outros dizem que é falta de outra, alguns suspeitam de praga, mas a gente fica preocupado em fazer alguma coisa e talvez piorar o problema — afirma.
O produtor rural Rover Lamm também detectou a mesma mancha e sintomas na soja. Segundo ele, dos 165 hectares plantados, três estão com o problema.
— É preocupante, porque reduz mais de 50% de produtividade e é um problema que está aumentando a cada ano. Por enquanto foi feita uma análise de solo, folhar, mas não detectou nada ainda de deficiência ou problema — comenta.
O engenheiro agrônomo Décio Neuls trabalha na área há 11 anos. Especialista em grandes culturas, ele diz nunca ter visto caso semelhante antes e explica como identificar o problema na lavoura.
— A gente vê um porte reduzido. O número de entrenós na planta normal chega a dar 10 centímetros e a planta que tem esse sintoma tem um entrenós que tem a metade desse tamanho. Se eu pegar a folha que tem o sintoma, ela está com toda borda deformada, perde o formato de uma folha de soja norma — explica Neuls.
Algumas possíveis causas apontadas para o problema são excesso ou deficiência nutricional, nematóide, ácaro preto na raiz da planta e falsa virose.
— Eu acredito que está vinculado a uma casa de solo, principalmente uma questão nutricional, pelos sintomas que eu encontrei — diz o engenheiro agrônomo.
Enquanto os resultados não chegam, produtores contabilizam perdas.
— Tranquilamente de 40 a 50% (de perdas) todo ano, porque ela perde em tamanho, desenvolvimento, menor número de vagem, ela dá mais ou menos a metade — afirma o produtor Juliano Carling.
— Tem bastante gente envolvida nesse processo de diagnóstico, mapear e saber o que está acontecendo nessa lavoura — afirma Neuls.