Em Brasília, os manifestantes percorreram pela manhã a Esplanada dos Ministérios e a Praça dos Três Poderes, em Brasília (DF), pedindo o fim da impunidade no campo. Os manifestantes – estimados em 500 pela Polícia Militar e pelo MST – saíram por volta das 7h do acampamento onde estão alojados, no Setor de Indústria e Abastecimento, e caminharam até o Supremo Tribunal Federal, onde fizeram uma pausa às 9h40, para homenagear os trabalhadores mortos.
Além de lembrar os mortos, os manifestantes pedem agilidade no processo de reforma agrária. Segundo o movimento, há em todo país 150 mil famílias acampadas e 69 mil grandes propriedades improdutivas. Às 10h20, os manifestantes deixaram o STF e se dirigiram ao Ministério da Justiça, onde pedirão uma audiência para tratar da impunidade no campo e dos processos judiciais que, segundo eles, impedem a aquisição de 193 áreas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Em parceria com servidores do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra), os manifestantes distribuíram duas toneladas de alimentos produzidos em acampamentos e projetos de assentamento. Foram entregues cerca de 800 sacolas com quiabo, feijão-de-corda, mandioca, batata-doce, chuchu, abóbora e abobrinha verde.
– A luta por essa reforma não é só uma luta política, mas também tem o objetivo de deixar claro que os assentamentos da reforma agrária, do Incra e da agricultura familiar produzem alimentos de qualidade, sem agrotóxico e sem causar mal a quem os consome – afirmou Reginaldo Marcos Aguiar, diretor da Associação dos Servidores da Reforma Agrária em Brasília.
Em Pernambuco, 12 rodovias foram bloqueadas, segundo o movimento. Em Porto Alegre, a Secretaria Estadual de Educação foi ocupada por trabalhadores sem terras que pedem maior investimento governamental na educação. Em Fortaleza, os manifestantes ocuparam a sede do Departamento Nacional das Obras contra as Secas, para negociar a situação de camponeses afetados pela estiagem.
No Rio de Janeiro, os sem-terra protestaram em frente à Superintendência Estadual do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para exigir um plano emergencial para assentamento de 150 mil famílias em todo o país. Cantando músicas e carregando bandeiras e com os dizeres “Chega de Violência no Campo” e “Queremos Reforma Agrária Já”, o grupo, com cerca de 200 pessoas, começou a passeata no bairro da Glória, na zona sul, e seguiu até a sede da companhia Vale, no centro da cidade, onde se juntou à manifestação organizada pela Articulação Internacional dos Atingidos pela Vale. A manifestação foi acompanhada por homens da Guarda Municipal e parou o trânsito na região.
– Estamos neste mês de abril inteiro cobrando da presidenta Dilma Rousseff uma medida em relação aos assentamentos. A discussão pela reforma agrária está parada, então é importante nós acionarmos, tanto o Poder Judiciário como o governo para termos a obtenção de terras e a realização desses assentamentos – disse o representante do diretório nacional do MST, Marcelo Durão, durante protestos no Rio de Janeiro.