Mantega e Miguel Jorge devem analisar em Buenos Aires equilíbrio da balança comercial argentina

Balança seria desfavorável à Argentina em US$ 920 milhões, disse Débora GiorgiO governo Cristina Kirchner, ao contrário das expectativas de exportadores e importadores brasileiros e argentinos, não se manfestou nessa terça, dia 1°, sobre a entrada em vigor de barreiras comerciais contra alimentos enlatados que tenham similares produzidos pela indústria local. As supostas barreiras, baseadas numa determinação apenas verbal do secretário de Comércio Interior, Guillhermo Moreno, deveriam valer a partir de 1º de junho.

No entanto, no começo da noite, a ministra da Indústria e Turismo, Débora Giorgi, divulgou comunicado à imprensa tocando indiretamente no assunto. Segundo ela, na semana que vem os ministros brasileiros da Fazenda, Guido Mantega, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, estarão em Buenos Aires para analisar com o governo argentino o desenvolvimento de ferramentas comerciais que permitam equilibrar a balança comercial entre o Brasil e o país vizinho.

A ministra disse que informações divulgadas no início desta semana pela Secretaria de Comércio Exterior do Brasil mostram que a balança comercial é desfavorável ao país vizinho em US$ 920 milhões.

? Parece incrível que continuemos escutando algumas vozes relacionadas ao setor de importação que colocam fantasmas na relação comercial entre o Brasil e a Argentina, que é profunda mas também precisa percorrer o caminho do equilíbrio ? disse, ao se referir ao que chamou de “contexto deficitário para a Argentina”.

O encontro ministerial anunciado por Débora Giorgi será em Buenos Aires, em dia ainda não marcado, e terá a participação do ministro argentino da Economia, Amado Boudou. Segundo ela, a reunião foi acertada entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Cristina Kirchner, na semana passada, quando eles se encontraram no Rio de Janeiro durante o Fórum Mundial da Aliança de Civilizações.

Os ministros brasileiros e argentinos discutirão um sistema de pagamentos em moeda local para a área de importação e exportação, a integração das cadeias produtivas e o financiamento de exportações com fundos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), além da eliminação de barreiras ao mercado brasileiro.

A ministra da Indústria disse ainda em seu comunicado que a atividade econômica na Argentina registrou crescimento de 6,4% no primeiro trimestre de 2010 e aumento de 9,2% no período de janeiro a abril. Segundo Giorgi, o crescimento industrial impulsiona a maior importação de bens de capital, partes e peças e insumos como ferro, que não é produzido no país.