Com essa evolução, a participação do crédito deve atingir 49% do Produto Interno Bruto (PIB) no fim de dezembro deste ano. Segundo ele, os números não foram alterados e são os mesmos previstos na última revisão das estimativas oficiais do BC, em dezembro de 2009.
Um mês atrás, em fevereiro, no entanto, o próprio BC havia anunciado em entrevista à imprensa a redução da estimativa de expansão do crédito em 2010 de 20% para 19%. Já a previsão da participação dos empréstimos no total da economia era de 48% do PIB no fim de 2010.
Altamir informou na entrevista desta terça que o crédito para pessoa física deve liderar a expansão em 2010, com crescimento de 21%. As operações para empresas devem ter aumento de 14%. Entre os segmentos, os financiamentos com recursos livres devem avançar 18% no ano e os empréstimos com recursos direcionados terão expansão de 26%.
Juros
Altamir Lopes afirmou que o mercado de crédito tem acompanhado dois movimentos opostos, que se anulam. O primeiro é a queda da margem cobrada nos empréstimos, o chamado spread bancário, causado pela redução da inadimplência. Ao mesmo tempo, há aumento do custo de captação.
? Há um movimento de alta no custo de captação dos bancos. Isso tem compensado a redução dos spreads, o que traz estabilidade dos juros ? explicou na entrevista.
O resultado desses movimentos pode ser conferido em março: após a queda dos juros em fevereiro, as taxas ficaram estáveis nos dez primeiros dias do mês. Apesar da redução média de 0,3 ponto porcentual no spread bancário, o juro praticado nos financiamentos manteve-se em 34,3% ao ano. Isso porque o custo de captação dos bancos, que é o quanto as instituições financeiras pagam para captar dinheiro junto ao mercado, subiu exatamente 0,3 ponto no mesmo período. No fim das contas, o aumento da captação anulou o efeito do spread menor.
Altamir não se comprometeu com a hipótese de queda dos juros nos próximos meses. Segundo ele, deve pesar a expectativa dos agentes econômicos para o aumento da taxa Selic em breve, fato que tem elevado o custo de captação das instituições financeiras.