– Eles chegam, via de regra, através de familiares que informam “olha, a construção civil está bem. Você vem para cá”. Este é o primeiro elemento. Eles são muito bons trabalhadores. São brava gente – diz.
A escassez de mão de obra, no campo, no entanto, provocou aumento nos custos de produção na lavoura. Nos últimos cinco anos, conforme o consultor de mercado Marcos Fava Neves, a agricultura brasileira perdeu a vantagem competitiva que possuía até então.
– O Brasil realmente tinha mão de obra barata, além de outras coisas. Então, portanto, era feito de vantagem competitiva e ele se erodiu. Hoje é desvantagem competitiva mão de obra no Brasil – avalia.
Neves realizou um levantamento sobre a conseqüência da migração de mão de obra. Segundo o estudo, na cana-de-açúcar as consequências foram menos preocupantes, em função da mecanização das lavouras. Já na citricultura, o custo chega a US$ 4,00 para cada caixa de laranjas. Há sete anos, o investimento era de cerca de US$ 1,30.
– Isso é ruim para a sociedade. Porque se é caro para o fazendeiro contratar, registrar e fazer todo o processo, no médio prazo é ruim para o funcionário também, uma vez que ele não tem mais possibilidades de emprego. A pessoa quer mecanizar o mais rápido possível e se ver livre de mão de obra. Em muitos casos, isso está atrasando o Brasil – aponta.
O empresário Maurílio Biaggi Filho destaca que atualmente se pode observar a volta para o campo de profissionais que se qualificam nos grandes centros, para suprir deficiência de mão de obra especializada no interior.
– Nós exportamos mão de obra treinada para outras regiões pioneiras, onde as indústrias estão sendo instaladas agora e que têm mais deficiência de mão de obra. Todas as usinas já são implantadas com 100% de corte mecanizado, muito pouco normal, por falta de efetivo – pontua.
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