Maquinário substitui machadinho na quebra do babaçu em comunidades do Nordeste

Equipamentos permitem agilidade e rentabilidade no trabalho das quebradeiras de cocoQuebrar o coco babaçu com uma machadinha e extrair o óleo usando pilão, atividade bastante comum no Nordeste, já é coisa do passado em comunidades de Pedreiras, Trizidela do Vale e Fernando Falcão, no Maranhão. A tarefa artesanal das quebradeiras de coco ganhou agilidade e rentabilidade com o uso de maquinários que permitem o aproveitamento total do fruto, além de gerar novos postos de trabalho e renda no campo.

A iniciativa partiu da Fundação Mussambê, do Ceará, responsável pelo desenvolvimento da tecnologia e por sua difusão. A agroindústria do babaçu possui uma máquina que descasca o coco e facilita a retirada da amêndoa, possibilitando o aproveitamento de subprodutos, como o mesocarpo, que contém amido, cálcio e fósforo, além do endocarpo, rico em fibras. Também há uma máquina para o corte do babaçu e uma prensa hidráulica para a extração do óleo.

Sem as máquinas, os moradores faziam apenas a comercialização das amêndoas do babaçu e do carvão, produzido a partir da casca do coco. Com a tecnologia, há a possibilidade do aproveitamento total, com produção do óleo de babaçu, torta para ração animal e carvão.

A possibilidade de vender o produto com valor agregado, ou seja, comercializar o óleo no lugar da amêndoa, gera mais renda para a comunidade. Segundo Maria Matias, diretora de programas e projetos da Fundação Mussambê, uma boa quebradeira de coco no método artesanal pode render oito quilos de amêndoa, vendido a R$ 1 ou trocado por outra mercadoria. Já o litro de óleo alcança R$ 3,50.

Em comunidades que extraíam o óleo usando o pilão, no método artesanal, o trabalho de uma semana rendia aproximadamente 20 litros de óleo. Com menos esforço, a prensa hidráulica permite a extração de 150 litros por dia. E, além do aumento da produção, o maquinário possibilita o aproveitamento do resíduo da prensagem e sua transformação em torta, rica em proteínas para a alimentação de animais.

? No povoado Morro dos Caboclos, em Trizidela do Vale (MA), são os jovens que estão à frente da agroindústria do babaçu. Agora, eles conseguem uma renda de R$ 300 por mês ? destaca Matias.

? Outras oportunidades também são vislumbradas, como a criação de suínos, alimentados com a torta produzida dos resíduos do babaçu, para a venda da carne no lugar da venda da ração ? completa.

O uso da tecnologia de aproveitamento do babaçu não deixa de lado a preocupação com a absorção de mão-de-obra. Por isso, cada agroindústria envolve diretamente no processo produtivo cerca de 20 pessoas. Mas calcula-se que cada agroindústria beneficie pelo menos 100 famílias. No ano que vem, serão implantadas mais 160 agroindústrias no Estado do Maranhão.

Essa tecnologia será apresentada durante a VII Expo Brasil, realizada de 12 a 14 de novembro, em Cuiabá (MT). A mostra é organizada pela Rede de Tecnologias Sociais (RTS) e contará com a exposição de 11 iniciativas sustentáveis.