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Agricultura

Agrishow: falta de chips não atrapalha venda de máquinas, mas atrasa entrega no campo

Prazo médio para a entrega de equipamentos agrícolas no mercado brasileiro está em nove semanas, de acordo com a Abimaq

A Agrishow, que acontece até sexta-feira (29), em Ribeirão Preto (SP), é uma das maiores vitrines tecnológicas da América Latina. Segundo os organizadores, a expectativa é movimentar R$ 6 bilhões nesta edição, o dobro da última, que aconteceu em 2019. Boa parte desse dinheiro é resultado da venda de máquinas agrícolas. E o setor está para lá de aquecido.

Segundo dados divulgados pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), nesta quarta-feira (27), o setor deve crescer entre 5% e 9% neste ano.

“Nós começamos o ano com uma estimativa de 5%, mas o desempenho no primeiro trimestre, de 9%, mostrou que é possível reajustar a expectativa anual em breve”, disse Pedro Estevão, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos da Abimaq, que reúne mais de 400 fabricantes de maquinário para agricultura, pecuária e armazenagem.

Na Agrishow, a expectativa é visível. Nas principais empresas, estantes lotados e executivos animados com o momento, mesmo sem o Moderfrota, que neste Plano Safra contou com R$ 7,53 bilhões, e se esgotou em aproximadamente quatro meses.

No entanto, apesar do bom momento, o setor ainda esbarra em desafios que vão além da falta do crédito subsidiado.

máquinas agrícolas na Agrishow
Foto: Agrishow

A escassez de semicondutores e de outros insumos, que começou com a pandemia de Covid-19, segue como um problema para a indústria e para os consumidores, que precisam esperar na fila por uma máquina agrícola.

No mercado, o prazo médio para a entrega de máquinas agrícolas está em nove semanas (ou mais de dois meses), de acordo com a Abimaq.

O diretor de Mercado Brasil da New Holland Agriculture, Eduardo Kerbauy, admite que o problema existe. Mas afirma que a indústria adotou medidas ainda no início da pandemia para reduzir o impacto dos atrasos, que na empresa podem chegar a três meses.

“Não é o mesmo prazo para todos os produtos. Existem alguns mais demandados, em que é mais difícil criar um estoque”, afirma.

Para driblar o problema, conta, a empresa adotou uma estratégia de remanejar os estoques de acordo com a demanda. “Na eegião Sul, por exemplo, onde aconteceu a quebra na safra de verão, o mercado esfriou um pouco e nós remanejamos os produtos para regiões com uma procura mais aquecida”, diz.

Marco Rangel, presidente da FPT Industrial para América Latina, empresa fabricante de motores, especialmente de máquinas agrícolas, diz que a procura por fornecedores nacionais foi uma alternativa.

“Nós aumentamos e diversificamos a nossa cadeia de fornecedores para administrar a possível falta de matéria-prima”, conta. “Em outros casos, especialmente em motores que usam muitos chips, fizemos adaptações para que ele pudesse trabalhar com um volume menor”.

Para Pedro Estevão, o problema na cadeia de fornecimento não será resolvido em 2022. “Nós ainda vamos conviver um tempo com o problema. No início da pandemia nós também sofremos com a falta de aço, que foi solucionado. Agora estamos com problemas no fornecimento de chips, que deve permanecer por mais um tempo”.

Estevão diz que, na conta do atraso, é preciso incluir a demanda. “Nós crescemos 17% em 2020; 42% em 2021. É muita coisa, nós nunca vivenciamos um crescimento tão expressivo em um espaço de tempo tão curto. Diante do cenário, é compreensível o atraso nas entregas, a indústria mostrou que teve capacidade de atender, mesmo com os desafios impostos. A indústria não parou”, afirma.

O presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos da Abimaq diz que o pico de atraso foi registrado em agosto do ano passado, quando a espera estava em 11 semanas. “Isso deve acontecer de novo. À medida que a safra se aproxima, as vendas aumentam e o tempo de espera também”.

*O jornalista viajou a convite do Pool de Imprensa da Agrishow 2022

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