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Agricultura

Maranhão confirma 1º caso de pacote de sementes não autorizadas

Com exceção do Amazonas, todos os estados brasileiros e o Distrito Federal já registraram casos

A Agência Estadual de Defesa Agropecuária (Aged) do Maranhão confirmou o primeiro caso de recebimento de sementes não autorizadas pelos Correios. Agora, apenas o Amazonas segue sem registrar casos como esse.

Segundo a entidade, uma moradora do bairro do São Francisco, em São Luís, recebeu um pacote sem ter feito nenhuma compra ou solicitação. Ela tomou as medidas necessárias, encaminhando o pacote de sementes sem violar, para o setor responsável.

sementes clandestinas maranhao
Foto: Aged

“Essa é a primeira ocorrência que recebemos e queremos fazer um alerta a todos do estado do Maranhão para que ao receberem um pacote como esse, contendo sementes, não despreze, não jogue fora e entregue em uma de nossas unidades regionais ou entre em contato pelos telefones em nosso site para que possamos fazer o recolhimento destas sementes”, disse Antonia Lucia Malheiros, diretora de Defesa e Inspeção Vegetal da Aged.

O que se sabe até agora

A Secretaria de Defesa Agropecuária, do Ministério da Agricultura, informou na terça-feira, 6, que foram encontrados fungos, bactérias e possibilidade de espécies vegetais quarentenárias (que não existem no Brasil) em pacotes de sementes não solicitados que chegaram ao país e foram encaminhados ao ministério.

Após análises laboratoriais, foi identificada a presença de ácaro vivo em uma amostra; de três fungos diferentes em 25 amostras; de bactéria em duas amostras; e possibilidade de espécie de planta quarentenária em quatro amostras. Toda a análise é feita no Laboratório Federal de Defesa Agropecuária em Goiás, que é referência no país.

Em entrevista coletiva virtual, o secretário de Defesa Agropecuária, José Guilherme Leal, destacou que o material não tem certificação, por isso está sendo feita uma “pesquisa do zero” para identificar os micro-organismos presentes nas sementes. Ele ressaltou que estão sendo tomadas todas as medidas para impedir a introdução de novas pragas no país.

Alertas e orientações

As pessoas que receberem os pacotes devem encaminhá-los a uma unidade do Mapa ou entidade estadual de agricultura, sem medo de ser penalizado. O secretário alerta que o material não deve ser manuseado.

“O cidadão que receber esse material pode entregar para o órgão de agricultura que ele não vai ser de forma alguma penalizado. Ele está fazendo uma colaboração da proteção da agropecuária do Brasil e também evitando o contato com um material que possa ter um risco até para a saúde”, disse na coletiva de imprensa.

O secretário reforçou a importância de a população não abrir os pacotes nem manusear as sementes. “Estamos falando de material não solicitado, que não tem controle e não sabemos a origem nem o que está carregando. Apesar da pequena quantidade, podem trazer pragas para a nossa agricultura, como plantas daninhas, fungos, outras doenças como bactérias, vírus”, disse Leal.

Além disso, as sementes podem ter sido tratadas com algum elemento químico ou ser um produto tóxico, por isso não devem ser manuseados pelas pessoas, plantados ou descartados no lixo (para evitar uma possível germinação).

O diretor do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas, Carlos Goulart, disse que as sementes são os insumos que mais têm carga regulatória no mundo, porque o risco iminente é o mais alto que existe. Segundo ele, o recebimento desse material não solicitado nessa quantidade é inédito no mundo. “Essa importação de material, solicitado ou não sem a certificação, sempre foi proibida no Brasil e no mundo. O que chamou a atenção foram usuários terem recebido os pacotes sem terem sido solicitados”.

O secretário e o diretor pedem ainda que as pessoas não descartem a embalagem original dos pacotes. As informações contidas na embalagem são fundamentais para rastrear a origem do material.

Apreensões

Do ano passado para este ano, houve um aumento de cerca de 150% (passando de 2.000 por mês para 5.000 por mês) no número de apreensões desse tipo de material na central de distribuições dos Correios em Curitiba, onde é centralizada a inspeção de pacotes de menor peso (até 2 kg). O diretor do Departamento de Serviços Técnicos, José Luís Vargas, explicou que todos os pacotes passam por escaneamento e também pelo cão farejador Thor, treinado no centro de detecção do Mapa. Quando identificada alguma suspeita, o material é encaminhado para o Ministério da Agricultura.

“O risco é desconhecido, então o alerta é máximo. Quando fazemos viagens internacionais também não devemos trazer esses produtos. Isso coloca nossa agropecuária em risco, todo o nosso bioma, pois não sabemos o potencial de danos desse material ao Brasil”, ressaltou Vargas.

No primeiro semestre deste ano, a fiscalização interceptou 33.734 caixas ou envelopes contendo partes de vegetais (folha, flores e caules), material de propagação vegetal (mudas, bulbos), produtos vegetais que apresentam risco, sementes e outros na central em Curitiba. Do total, 26.111 foram destruídos, 2.383 foram devolvidos ao local de origem e 5.240 liberados após checagem da documentação.

Investigação

Inicialmente, a investigação está sendo feita apenas na esfera administrativa pelo Mapa. Segundo o secretário José Guilherme Leal, após o recolhimento de todas as informações, será feita interação com as autoridades fitossanitárias dos países que supostamente fizeram o envio do material. Caso seja necessário, outros órgãos, como autoridades policiais, poderão ser acionados. Ele informou que “ainda não há elementos para afirmar se é uma ação intencional” para introdução de uma praga no Brasil.

O diretor Carlos Goulart afirmou que nenhum país relatou ter recebido material proveniente do Brasil.

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