Segundo o último levantamento de safra do Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (Imea), o plantio do algodão já foi encerrado no município de Campo Verde e, nas demais regiões produtoras do Estado, como Primavera do Leste e nos municípios do médio-norte, mais de 90% da área de plantio da cultura havia sido cultivada no início desta semana.
De acordo com o superintendente do Imea, Seneri Paludo, a falta de acesso ao crédito que os produtores enfrentaram durante a captação de recursos para o plantio e os altos custos de produção foram os principais impulsionadores da queda na área de algodão neste ciclo.
? Como cerca de 50% da produção desta safra de algodão foram comercializados antecipadamente pelos produtores do Estado, e como a rentabilidade da atividade já está atingindo um índice de 17% a 19% negativo, muitos produtores precisaram reduzir a área plantada de algodão neste ano ? explica.
Segundo o diretor-executivo da Associação dos Produtores de Algodão de Mato Grosso (Ampa), Décio Tocantins, como não houve nenhum avanço no acesso a financiamentos das linhas de crédito mais usadas pelos produtores, como o Adiantamento de Contratos de Câmbio (ACC), muitos agricultores, além de reduzir o tamanho da área de algodão plantada, venderam parte da produção da safra por preços que não cobrem o custo de produção.
? O produtor precisou vender mal alguns produtos para conseguir custear o plantio desta safra ? acrescenta.
Ainda segundo o representante dos produtores de algodão de Mato Grosso, em novembro o cotonicultor ainda precisava de cerca de US$ 350 milhões a US$ 500 milhões, provenientes do ACC, para cobrir os custos da safra de algodão deste ano.
? Nós tivemos apenas avanços localizados de alguns produtores que conseguiram um ou outro financiamento. Grande parte dos recursos do ACC esperados pelos produtores, em novembro, não foi liberada até agora ? disse o diretor da Ampa.
De acordo com o último levantamento de safra da Conab, a área de cultivo do algodão de Mato Grosso deve se reduzir de 541 mil hectares, na safra 2007/2008, para 379,2 mil hectares no atual ciclo. Nesta mesma proporção, a produção do Estado também deve cair de aproximadamente 2,13 mil toneladas em 2008 para 1,5 mil toneladas em 2009. As informações são da Folha do Estado.