Eleito para o cargo nas últimas eleições, Silval Barbosa, no entanto, está no comando do Estado desde o primeiro trimestre de 2010. Como vice-governador, ele substituiu Blairo Maggi que deixou o governo para se candidatar a uma vaga no Senado. Além da economia, o governador falou também à Agência Brasil sobre um novo modelo de gestão dos hospitais regionais, da implantação de escolas que aliam o ensino médio à educação profissionalizante.
Governador de um Estado que é referência no mundo pela alta produtividade no cultivo da soja, uma das principais commodities mundiais, Silval aborda o tema da renovação do Código Florestal Brasileiro, em discussão no Congresso.
Agência Brasil – Quando o senhor se elegeu, disse que uma das principais prioridades seria dar um ritmo acelerado ao PAC. Cerca de 40% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado vêm do setor agropecuário, que sofre com a precária logística de transporte do país. Como está a execução das obras do PAC em Mato Grosso? As verbas estão sendo liberadas no momento adequado? As obras previstas contemplam as necessidades do Estado?
Silval Barbosa ? A logística em Mato Grosso não acompanhou o desenvolvimento da economia, especialmente a agropecuária. A partir disso, o custo dos fretes torna a produção não competitiva, o que nos tem obrigado a trabalhar no sentido da verticalização para agregar valor e diminuir o impacto do frete. As obras do PAC no sentido logístico não andaram ainda. Há expectativa de começarem algumas este ano, como a duplicação do trecho rodoviário entre Rondonópolis e Posto Gil, na BR-364. Em outra vertente, a construção da Ferrovia Centro-Oeste vai abrir cenários muito promissores para a logística central e a região nordeste do Estado, com acessos possíveis aos portos de Santarém, de Porto Velho, à Ferrovia Carajás e ao Porto de Itaqui, no Maranhão. Essas obras atenderão parcialmente às demandas do Estado.
ABr – Mesmo tendo sido vice-governador e assumido o cargo de governador há um ano, o senhor identificou ou surgiram desafios novos que devem ser priorizados, além dos três que o senhor elencou quando eleito: dar um ritmo acelerado ao PAC, resolver problemas de água tratada em Cuiabá e Várzea Grande e levar ligação asfáltica a todos os municípios?
Barbosa – Os problemas se renovam na medida em que os anteriores estão sendo solucionados. Sem contar que as demandas são crescentes em Estados como Mato Grosso, onde o crescimento é muito acelerado. As demandas atropelam o governo e enfrentamos o leque das necessidades surgidas, das necessidades em andamento e da demanda que chega. Nenhum governo é igual ao outro. Nosso projeto na área de infraestrutura rodoviária é ambicioso e inclui, também, ligar todos os municípios por pavimentação à capital. São 41 municípios nessa condição atualmente.
ABr – Como o senhor vê as disputas dentro do governo federal e no Congresso em relação às mudanças no Código Florestal Brasileiro? Como governador de um dos maiores produtores de alimentos do país, com destaque internacional, qual é sua a posição sobre o assunto? O Estado é capaz de desenvolver uma agropecuária sustentável protegendo o meio ambiente? O que a renovação do código muda para os produtores matogrossenses?
Barbosa ? Mato Grosso tem sido penalizado por severas críticas quanto à questão ambiental. Corrigimos todos os gargalos como, por exemplo, a produção pecuária e agrícola em área amazônica. Consolidamos uma política ambiental estadual que, além de moderna, é rigidamente fiscalizada. Conseguimos reverter com muita eficiência todos aqueles cenários críticos de dez anos atrás. O novo Código Florestal é bem-vindo e necessário para disciplinar uma série de questões que vão do setor florestal aos setores produtivos do agronegócio. Mato Grosso produz grãos e fibras numa área de 6,8 milhões de hectares e tem um rebanho de 28 milhões de bovinos numa área de 29 milhões de hectares. Neste momento, caminha muito forte uma onda de integração entre a produção de grãos e a pecuária, com expansão sobre as áreas de pastagens degradadas. Não vejo nenhuma contradição entre as regras mais rígidas sobre a produtividade sustentável e as nossas políticas ambientais. Mato Grosso superou nesses últimos dez anos todas os problemas que causavam entraves ambientais.