Os búfalos da fazenda Água Sumida, propriedade na cidade de Brotas (SP), viraram notícia no Brasil inteiro e criaram uma comoção que mobilizou boa parte da cidade, além de ONGs e até celebridades. Tudo começou no início de novembro, quando a Polícia Civil recebeu uma denúncia anônima de que ao menos 500 búfalos estavam na propriedade sem acesso à água e comida.
O delegado da Polícia Civil de Brotas, Douglas do Amaral, acompanhou de perto o caso dos búfalos. Ele afirma que o volume de animais em condições de maus-tratos era muito grande. Diante da comoção, o caso ficou conhecido na internet como “búfalas de Brotas”, já que a maioria dos exemplares encontrados em más condições no município paulista eram fêmeas.
“Tínhamos um cenário de guerra. Encontramos 667 búfalos vítimas de maus tratos e outros 22 que já tinham morrido e mais outras agonizando. Montamos uma força-tarefa com o apoio de prefeituras, veterinários e ONGs para dar água e comida para os animais”, diz.
Os búfalos foram encontrados na fazenda no dia 6 de novembro. Diante da ocorrência, a Polícia Ambiental aplicou uma multa de R$ 2,1 milhões ao proprietário, Luiz Augusto de Souza, segundo informa o delegado. No entanto, a história não terminaria por aí.
“No dia 11 de novembro nós retornamos à fazenda, e vendo que ele continuou omisso em relação aos cuidados com os animais, autuei o proprietário com uma ordem de prisão”, lembra o delegado.
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No dia 21 de novembro, Douglas do Amaral voltou à fazenda para verificar as condições dos búfalos e viu que pouca coisa tinha mudado. “Fui ao local e no pasto encontrei alguma grama verde. Mas 800 animais estavam sem água. Em outro pasto, havia mais de 100 animais, que tinham água, mas não percebi nenhum tipo de trato. Na ocasião, prendemos o administrador da fazenda Água Sumida e um segurança”, comenta o delegado. O proprietário da fazenda e os dois funcionários já estão em liberdade.
Segundo a médica veterinária Camila Martinelli, que também prestou apoio nos cuidados com os búfalos, a situação era desesperadora. “Alguns, devido à fraqueza, não conseguiam levantar, tivemos que ‘tirar no braço’. Também havia dois animais com chifres presos, onde precisamos da ajuda de um trator para socorrê-los”, destaca.
Camila enviou ao Canal Rural um vídeo que mostra representantes da ONG Arca da Fé prestando socorro a alguns animais. Veja abaixo.
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O delegado da polícia de Brotas diz que o fazendeiro Luiz de Souza não reconheceu os maus tratos aos animais, e afirmou que aqueles que foram encontrados mortos faleceram por estarem velhos. A polícia instaurou um inquérito contra o proprietário da fazenda, que pode responder por maus tratos, poluição, crime contra a flora e associação criminosa. Nesta semana, a Polícia Ambiental aplicou uma nova multa ao fazendeiro, no valor de R$ 1,4 milhão.
Como estão os búfalos?
Um hospital de campanha foi montado na fazenda Água Sumida, onde ONGs e voluntários cuidam dos animais que estão lá. Ao todo, a fazenda conta com 1.079 búfalos, além de alguns cavalos. De acordo com a veterinária Camila Martinelli, apesar das denúncias de maus tratos, não são todos os animais que estão em situação de abandono.
A Justiça chegou a repassar a tutela dos animais para as organizações que atuam de forma voluntária na propriedade, mas a decisão foi revertida. Apesar disso, algumas ONGs ainda estão auxiliando na alimentação e saúde dos búfalos.
Repercussão nas redes sociais
Além das organizações, algumas celebridades também se posicionaram contra o caso registrado na fazenda. A ativista Luisa Mell, conhecida por defender o direito dos animais, escreveu em seu perfil do Instagram que “o culpado por isso precisa ser punido”.
A apresentadora Xuxa Meneghel classificou o caso como “absurdo”. Ela pediu punição ao culpado e disse que os animais precisam de cuidados.
Com objetivo de ajudar os animais que foram encontrados em situação de maus tratos, foi criado um perfil no Instagram que recolhe doações para ajudar os búfalos da fazenda Água Sumida.
A reportagem do Canal Rural entrou em contato com o proprietário da fazenda para pedir um posicionamento sobre o caso, mas até a publicação desta matéria não teve retorno.
