Mecanismos de garantia de preço mínimo precisam ser mais eficientes

Quarta reportagem da série Plano de Governo pontua os problemas da política econômica e aponta mudanças necessárias para melhoriaUm dos pilares da política agrícola do governo federal é a garantia de renda do produtor, através do pagamento do preço mínimo estipulado para cada cultura. Mas, segundo os especialistas, esta política nem sempre atende a demanda do produtor rural. A quarta reportagem da série Plano de Governo fala sobre este mecanismo econômico.

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A política de garantia de preços mínimos é um instrumento de comercialização da produção agrícola, que pode acontecer pela compra dos produtos, pela equiparação do preço ao valor do mercado, ou pela subvenção. Para isso, o governo usa de vários mecanismos: o Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro), a Aquisição do Governo Federal (AGF) e o Prêmio de Escoamento do Produto (Pep). Siglas de programas de equalização e de compra feitos pelo governo, quando o preço de mercado não atinge o mínimo estipulado por lei.

A política de garantia de preços mínimos tem quase 50 anos. Especialistas em economia rural, como o agrônomo Ivan Wedekin, defendem que ela seja aperfeiçoada.
 
– Na maioria das vezes, o dinheiro do orçamento não é suficiente no caso de uma grande queda de preços, porque esse orçamento, como o próprio nome diz, é um orçamento e o Brasil tem uma lei de responsabilidade fiscal. Então, esse orçamento é de certa forma religioso – diz o diretor da Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM).
 
O aperfeiçoamento da política de garantia de preços mínimos está baseado em alguns pontos que os especialistas consideram importantes.

– É preciso que os recursos sejam garantidos no orçamento;
– Que os mecanismos de Pepro e Pep, sobre equiparação de preço e escoamento da produção, sejam aprimorados e que outros modelos de garantia de renda sejam criados;
– Tem que haver também uma forma de se manter os estoques reguladores, para atender as regiões onde há déficit;
– Integrar as ações da política de preços mínimos aos instrumentos de mercado, como os negociados nas bolsas;
– Juntar as operações de crédito e seguro, para aumentar a segurança do produtor e reduzir os custos.

– É preciso dar uma injeção no crescimento dos mercados futuros de opções no Brasil. E isso pode vir de um casamento da política agrícola do governo com o mercado de opções – propõe Wedekin.
 
A política de garantia de preços mínimos é muito criticada pelos produtores, principalmente, porque os patamares estipulados seja para o milho, para a laranja, ou para qualquer outra cultura, não cobre o custo de produção, segundo eles.

Mais que pagar ao produtor, o mecanismo de garantia de preços mínimos deveria funcionar como um instrumento de equilíbrio entre oferta e demanda no mercado. O desafio do novo governo é tornar esta política eficiente a ponto de conquistar a confiança de quem precisa dela.

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