>> Regras para leilão de café deveriam ser anunciadas com antecedência para evitar queda de preços, diz analista
A colheita mecanizada de café já foi encerrada e restam apenas 10% do que está no chão dos cafezais brasileiros. O mercado futuro foi a principal ferramenta utilizada para amenizar as perdas durante a safra.
– Os produtores que fizeram vendas futuras têm tido mais fôlego para dar continuidade à atividade. A gente esperava que o produtor fosse vender, desovar esse café, principalmente da safra 2012, que ainda é remanescente – ressalta o presidente da Associação dos Cafeicultores de Patrocínio (Acarpa), Marcelo Queiroz.
Na propriedade de 4,5 hectares de José Cruz Pereira, o impacto da queda nos preços da saca do café, que acumularam perdas de 23% este ano (chegando à pior cotação desde 2009), é perceptível. O agricultor ainda conta com bianualidade na produção. Nesta mesma área, em 2012, os negócios movimentaram R$ 130 mil. Neste ano, o faturamento foi de apenas R$ 46 mil.
– É de assustar o ganho por hectare que tivemos no ano passado em relação a este ano. Em 2012, ganhamos em torno de R$ 10 mil por hectare. Neste ano, o faturamento foi de pouco mais de R$ 2 mil. Os compromissos você tem que cumprir. Temos que nos virar e mexer com tecnologia, arrumar um jeito de baixar os custos – relata o cafeicultor.
A oferta de café maior do que a estimada pelo mercado e a desvalorização do real pressionam os preços até em dólar no exterior. O ano é atípico e os produtores estão enfrentando problemas em várias frentes. Nas regiões de montanha, como no sul de Minas Gerais, o clima mais úmido reduziu a oferta de café fino. Na região do Cerrado Mineiro, apenas 25% da produção tem peneira 17 acima – o café mais graúdo e valorizado no mercado.
– As peneiras estão dando 40%, 50% mais baixas do que em 2012, quando as peneiras davam acima de 17. A gente viu, no ano passado, que o fundo dava, em média, de 5% a 6%. Este ano, está dando de 8% a 12% de diferença – explica Anderson Rogério da Silva, classificador operacional da Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado (Cocaccer).
O anúncio das medidas do governo deram uma base mais sólida para os preços, que pararam de cair no mercado físico. O analista de mercado Mauro Lúcio está otimista e orienta para que o produtor tenha cautela e paciência para escalonar as vendas. O consumo crescente nos últimos anos com entrada de novos mercados, no Oriente Médio e na Ásia, apontam para uma retomada de alta sem um aviso prévio.
– Acho que o produtor não deve se apavorar e vender todo estoque de uma vez. Ele tem que tentar aproveitar os repiques que o mercado dá, as oportunidades, e tentar sair com o físico aos poucos, mas não tudo de uma vez, porque com as questões de qualidade levantadas neste ano (menores peneiras e chuvas ao longo da colheita), principalmente no sul de Minas, podem ser utilizadas como subsídio para uma eventual virada do mercado – alerta o analista de mercado da Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado (Expocaccer), Mauro Lúcio dos Santos.
O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Varginha, Arnaldo Bottrel, sinalizou nesta quinta, dia 5, ao programa Mercado e Companhia, que as regras para o leilão de contratos de opção de café devem ser anunciadas nesta sexta, dia 6. Segundo ele, a afirmação é da presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), senadora Kátia Abreu, solicitou informações à assessoria de imprensa da Presidência da República.