Mercado europeu é o novo alvo da pecuária gaúcha

Importância da conquista de compradores na Europa foi reforçada em evento sobre o setorOs produtores gaúchos de carne bovina têm quatro meses para conquistar novos mercados exportadores e investir em certificação, se não quiserem ver seus ganhos reduzidos. Em março, começa o abate de gado nos Estados do Centro-Oeste, e a tendência é de que os preços pagos ao produtor caiam em conseqüência da maior oferta.

Para aumentar as exportações, o caminho é ampliar o número de propriedades certificadas aptas a enviar carne a clientes como a União Européia. O alerta foi dado pelo presidente da Comissão de Pecuária da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Fernando Adauto, durante o Congresso Internacional de Pecuária de Corte, que se estende até esta sexta, dia 21, no auditório do Ciee, em Porto Alegre.

A Europa é um dos principais clientes do Brasil, para onde se vendeu muito pouco em 2008 (80 mil toneladas até outubro, contra 380 mil em 2007), devido à suspensão das exportações e às regras mais rígidas impostas ao país.

? A rastreabilidade é uma necessidade. O governo federal avança e recua nesse tema desde o início de 2002, por pressão do setor. Um dos entraves é que a pecuária, que tem origem na palavra pecúnia (dinheiro), é a poupança dos produtores. E estes resistem em dizer para todo mundo quantos animais possuem ? ponderou Pedro Eduardo de Felício, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que também compareceu ao evento na Capital.

Vendas ao Exterior cresceram em valor no acumulado do ano

Devido ao encolhimento das vendas no mercado externo, indústrias e produtores esperam para breve a publicação de uma nova instrução normativa do Ministério da Agricultura sobre rastreabilidade, que “será um aprimoramento das atuais medidas e não um abrandamento”, destaca Luiz Carlos de Oliveira, diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). Ele participou de uma mesa-redonda ontem, no mesmo evento, para discutir os mercados da carne bovina no Mercosul e no mundo.

Apesar da queda no mercado externo em 2008, Oliveira é otimista. O dirigente da Abiec ressalta que, neste ano, houve falta de animais para abate e, como a pecuária é um ciclo, a recuperação não será tão rápida.

? As exportações caíram em volume cerca de 15% a 18% com relação ao ano passado, mas em valores houve crescimento de cerca de 20%, pela valorização das commodities até setembro ? afirma.

No mesmo debate com o diretor da Abiec estavam Francisco Signor, superintendente do Ministério da Agricultura no Estado, Roberto Vázquez Platero, ex-ministro da Agricultura do Uruguai, e Hugo Luiz Biolcatti, vice-presidente da Sociedade Rural Argentina.

O Congresso Internacional de Pecuária de Corte está sendo realizado pela Secretaria da Agricultura, Emater, Farsul, Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado (Sebrae-RS), Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag) e Ministério da Agricultura.