Em Guarei, interior de São Paulo, está localizada uma das maiores florestas de pinus do Brasil. Na área estão plantadas cerca de mil árvores por hectare, mas o objetivo da fazenda não é a exploração da madeira ou da celulose. O foco é a produção de resina.
No viveiro, as mudas de pinus eliot, considerada a espécie mais produtiva, são cultivadas durante 180 dias. Depois, são replantadas no campo, onde ficam por oito anos até começar a produzir.
– No início, tem o preparo de solo, plantio, formação da floresta, com oito anos começa a resinagem, dos oito aos 18 anos se faz exploração da resina e após estes 18 anos faz corte raso da árvore e comercialização da madeira – explica o engenheiro florestal Gustavo Dobnep.
O investimento é de longo prazo, mas a promessa é de boa rentabilidade.
– A resina tem um grande potencial, porque não existe estoque. Se você correr do Rio Grande do Sul até Minas, não tem estoque… É um produto com procura alta no mercado internacional. Ninguém segura resina, sempre tem comprador o tempo inteiro, o tempo todo – afirma Jurandir Proença Lopes, produtor e presidente da Associação dos Resineiros do Brasil (Aresb).
Segundo ele, de uns 40 anos pra cá é que o país passou a produzir resina, entre as décadas de 1970 e 1980. Até então, o Brasil importava o breu, o derivado sólido da resina. Como o preço da China vem se mantendo alto para os produtos, a resina tem estado com preço bom aqui também.
Outro ponto favorável é que depois que começa a produzir, a colheita é constante, quase os 12 meses do ano. A estria – que é o corte no caule das árvores, onde é aplicada a pasta estimulante e drenada a resina – é repetida a cada 10 dias. Cada lado das árvores tem média de exploração de cinco anos. Os homens sangram a árvore e as mulheres entram em campo para colher a resina produzida. Depois da coleta, o material segue para contêineres, que vão para a indústria de beneficiamento, onde é refinada e transformada em dois derivados.
– Aqui no Brasil, o derivado é chamado de breu, e no mercado internacional é chamado de coloformia, que é uma parte sólida. Ele é destilado, vem para os tambores, onde fica mais ou menos umas 12 horas, e torna-se sólido. Outra parte, a parte líquida, é a trebentina. Esses dois servem para uma série de coisas que a gente usa todo dia, na parte de cosmético, na parte de desinfetante, na parte de tintas, nas ceras depilatórias, nos pneus dos carros, no papel, no chiclete. Só eu, conheço umas 220 aplicações desse material – conta o diretor da empresa de beneficiamento, Abel Santos Ferreira Mendes.
O mercado de resina é relativamente pequeno no Brasil. São cerca de 100 produtores, mas o país já é o segundo maior produtor depois da China, que lidera este mercado. Este ano, a produção brasileira deve chegar a 125 mil toneladas, cerca de 20% de crescimento se comparada à produção de 2013. E o principal destino é a exportação.
– Nossos compradores são Alemanha, Portugal, França, uma parte para os Estados Unidos, também chega um pouco para Índia. Esses tambores vão para o mercado externo. Para o mercado interno, a gente vende a parte líquida, ou em saco de 25kg – diz Santos.
Uma ótima oportunidade de investimento para pequenos produtores, que podem manter o pinus em consórcio com outras atividades produtivas.
– Recomendaria a pequenos produtores, que tem área intermediária na propriedade, porque o pinus tem um custo baixo. Ele planta 20 mil árvores, mantêm uns três a quatro funcionários, uma boa renda para uma família. Vinte mil árvores dão em torno de 80 toneladas de resina, a R$ 3 o quilo, daria uns R$ 240 mil ao ano. Com 40% ele faz os custos, sobraria 60% desta renda para ele – indica Lopes.