Após décadas de queda, as cotações das commodities agrícolas subiram nos últimos anos, às vezes disparando fortemente, conforme cada vez mais pessoas nos mercados emergentes entram na classe média e consomem mais.
Ainda que os preços de alguns metais industriais tenham caído recentemente com a desaceleração da economia chinesa, outras commodities, inclusive as agrícolas, continuaram em valorização devido à forte demanda. E isso deve continuar no longo prazo, afirmou Bulcke.
– A demanda está crescendo porque 80% da população mundial está se desenvolvendo e emergindo. Essas pessoas vão comer mais e melhor e isso é bom. Em geral, as matérias-primas agrícolas se depreciaram por 50 a 60 anos. Agora, a tendência é de alta – acrescentou.
A Nestlé prevê que a cesta de todas commodities que compra para fabricar seus produtos suba “alguns pontos porcentuais” em média, disse o CEO, recusando-se a detalhar o assunto.
Bulcke espera ver o dólar mais forte, porque a desvalorização da moeda reduz os lucros da empresa, que está consolidada em francos suíços. Ele acrescentou que desvalorizações futuras da divisa americana também podem afetar o crescimento global.
Ele lembrou que, historicamente, o dólar é muito fraco frente à maioria das moedas.
– Isso poderia desequilibrar alguns funcionamentos normais da economia mundial. Uma recuperação seria positiva – avaliou.
Grande parte do crescimento da Nestlé vem dos mercados emergentes, enfatizou o executivo-chefe. Cerca de 40% da receita da empresa vem desses mercados e espera-se que a participação aumente ainda mais.
A receita do ano passado subiu 13% nas economias em desenvolvimento, mas apenas 4,5% nas economias desenvolvidas, afirmou Bulcke.
– Esses países estão criando uma nova classe média e se desenvolvendo rapidamente, enquanto as nações desenvolvidas estão desacelerando por causa da crise da dívida. O potencial é enorme – concluiu.
As informações são da Dow Jones.