A assinatura do acordo de livre comércio entre o Mercosul e o Canadá tem potencial para aumentar em US$ 7,8 bilhões a receita das exportações brasileiras de produtos agropecuários, segundo estudo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
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O estudo será lançado oficialmente na próxima quarta-feira, 29, em webinar sobre o andamento das negociações, com a participação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e do Ministério de Relações Exteriores (MRE).
De acordo com a CNA, os resultados do documento mostram a relevância do acordo para o setor e vão subsidiar negociadores brasileiros com dados técnicos, para ajudar na tomada de decisões e na definição de posicionamento do país.
Carnes, cereais, farinhas e preparações, frutas e complexo soja são os setores do agro, segundo a CNA, que têm mais potencial de serem beneficiados com o acordo. No caso das carnes, o aumento da receita pode chegar a US$ 1,4 bilhão por ano.
“Os cortes nobres e de melhor qualidade tendem a ter melhor competitividade no mercado canadense. Animais criados a pasto, menor percentual de gordura e sustentabilidade ambiental chamam a atenção do consumidor médio”, diz o estudo.
Cereais
Já o segmento de cereais, farinhas e preparações pode ter alta de US$ 771,9 milhões nas vendas ao Canadá. O milho é o produto com maior capacidade de aumento de receita (US$ 324,0 milhões) enquanto o arroz, que já possui alíquota de importação zerada no país norte-americano, teria ainda potencial explorável no curto prazo, indica a CNA.
Frutas
Para o setor de frutas, a oportunidade de comércio seria de US$ 751,7 milhões. De acordo com o documento, apesar das alíquotas já zeradas, o Brasil ainda é pouco expressivo no abastecimento do mercado canadense para frutas tropicais, como melões (1,7% do mercado), goiabas e mangas (8,1%), limões e limas (1,4%).
Soja
No complexo soja (grão e farelo), a estimativa da CNA é de aumento de US$ 703,9 milhões, apesar da concorrência com os Estados Unidos. “A proximidade geográfica entre os dois países norte-americanos implica custos menores de logística e de transporte”, indica o estudo.
Tarifas
Com relação às tarifas, o entendimento do estudo da entidade é de que mercado canadense tende a negociar a eliminação de boa parte delas já no ano seguinte à entrada em vigor dos acordos, o que pode beneficiar os produtores brasileiros em um curto prazo.
“Em média, cerca de 89% das linhas tarifárias do setor foram eliminadas no primeiro ano de vigência dos acordos analisados com o Canadá. A redução das tarifas médias em pontos percentuais pode chegar até 8,11 pontos percentuais (pp) no caso dos cereais. Para hortaliças e carnes, a redução chega a 5,88 p.p. e 5,35 p.p., respectivamente”.
O estudo releva que, de forma generalizada, as tarifas não são altas para os países do Mercosul. Muitos produtos do agro brasileiro já entram nesse mercado livres da incidência de tarifa de importação. Contudo, a Confederação da Agricultura e Pecuária alerta os negociadores para a importância da melhoria das condições de acesso e às medidas não-tarifárias.
A análise da CNA conclui que, além de gerar impactos positivos nas exportações brasileiras, o acordo Mercosul-Canadá pode expandir as fronteiras comerciais do bloco sul-americano com mercados importadores de alimentos, bebidas e bens agropecuários.
“As negociações com o Canadá poderão abrir portas para acordos com outros países, estratégia fundamental para consolidar o agronegócio brasileiro nas principais cadeias globais de alimentos e bebidas”, diz a entidade.
Comércio bilateral
Em 2019, o comércio de produtos agropecuários com o Canadá registrou movimentação de US$ 628,7 milhões. As exportações brasileiras de carne de frango in natura, castanhas de caju e milho tiveram alta de US$ 21,3 milhões, segundo dados do Ministério da Economia.